Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – A quantidade de leitos necessários somente para atender casos de Covid-19 no Amazonas é 2.130, segundo Simone Papaiz, secretária estadual de Saúde. Papaiz afirmou que se os casos da doença continuarem aumentando, não haverá leitos para todos.
“A melhor forma de a gente evitar essa crise é ficando em casa. Nós não teremos leitos suficientes. Isto não é o estado do Amazonas, isto não é a nível nacional, isto é a nível mundial. Hoje, em uma projeção para enfrentamento, nós precisaríamos ter somente direcionados ao Covid 2.130 leitos, 830 de UTI e 1.300 leitos clínicos para média complexidade da Covid”, disse Papaiz.
De acordo com dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNESNet), em todo o Amazonas há 932 leitos, destes, 841 são do SUS.
A secretária afirmou que o Amazonas necessitaria da implantação dessa quantidade elevada porque já havia uma situação defasada de leitos no estado.
“Nos últimos 10 anos, o número de leitos disponíveis do SUS já era em número insuficiente para a rede. Isso é importante a população saber. Com a pandemia, nós superlotamos as unidades hospitalares, então a insuficiência de leitos já era estabelecida”, disse.
Papaiz respondeu a questionamentos sobre o aluguel do Hospital Nilton Lins em entrevista on-line na tarde dessa quinta-feira, 16, antes da ocupação de todos os andares do Hospital Delphina Aziz. Segundo ela, o aumento do número de leitos já estava previsto.
“Quando toda a equipe de governo, da Susam e dos demais órgãos iniciaram e fizeram as determinantes para a primeira, segunda e terceira fase, na qual hoje nós estamos, que é a fase vermelha, nesse desenho já havia a intenção e a necessidade de uma projeção de aumento de leitos. Essa projeção frente à pandemia, frente à crise, ela não pode ser paulatina, tem que ser acelerada”, disse.
Simone alegou que o aluguel do hospital é mais viável nesse momento. “A estrutura hoje da Nilton Lins é uma estrutura pronta. Se nós fôssemos pensar no tempo e investimento de fazer um hospital de campanha que não tivesse a estrutura que é observada na Nilton, o custo ficaria maior, com uma demanda de tempo maior”, disse.
Rosemary Pinto, diretora-presidente da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde), defendeu o aluguel como forma de se precaver ao esgotamento de leitos.
“A transmissão da Covid-19 é muito rápida. É um vírus que é facilmente transmissível e que afeta várias pessoas ao mesmo tempo. Em função disso, dentro do nosso plano de contingência, nós já antecipamos essa situação. Então, quando a gente fala da contratação do Hospital Nilton Lins, é porque, antes de ocupar todos os andares do Delphina Aziz, nós temos uma propagação muito rápida. Não podemos esperar ocupar os dois andares do Delphina Aziz para começar a pensar em contratar, em equipar, em prover leitos na Nilton Lins”, disse.
Rosemary Pinto alega ainda que mesmo com a contratação do espaço da Nilton Lins ainda é possível faltar leitos para a população. “Se a doença continuar com a progressão que estamos, por mais que nós tenhamos nos antecipado, não conseguiremos dar conta da necessidade de leitos clínicos e leitos de UTI que serão necessários”, concluiu.
De acordo com as gestoras, esse esgotamento acontecerá não só no sistema público, mas também no privado que está no limite de atendimento.
Hospital Nilton Lins
Nessa quarta-feira, 15, o juiz Cezar Luiz Bandiera atendeu o pedido feito em ação popular ajuizada pelo advogado Eduardo Bessa e suspendeu o pagamento de R$ 2,6 milhões ao grupo Nilton Lins para aluguel por três meses de imóvel onde funcionará um hospital de campanha do estado. O juiz sustenta que há ilegalidades no contrato.
Em resposta, o Governo do Amazonas informou que vai recorrer e que a decisão é incabível, alegando que é urgente e essencial a ampliação da capacidade da rede estadual de assistência. O governador Wilson Lima se posicionou e afirmou em tom duro que “pra parar as atividades aqui tem que passar por cima do meu cadáver”, mantendo os trabalhos para a implantação da unidade.