Da Redação
MANAUS – Pelo segundo dia consecutivo, o Amazonas registra mais de cem casos de coronavírus. Foram 115 novos pacientes com Covid-19 de domingo, 5, para esta segunda-feira, 6, e o total chega a 532 infectados. Desses, 473 são em Manaus e 59 do Interior, segundo a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde). Em três dias, dobrou a quantidade de casos da doença: na sexta-feira, 3, eram 260. Os números foram anunciados no início da tarde desta segunda-feira, 6. Foram processados até o momento 2,7 mil amostras para exame de laboratório, outras 860 amostras aguardam resultado.
No interior, o número de municípios com incidência do vírus aumentou para 12, assim como o número de casos: 28 em Manacapuru, 4 em Parintins, 8 em Itacoatiara, 7 em Santo Antônio do Içá, 3 em Tonantins e 3 em Iranduba. Os municípios de Anori, Boca do Acre, Careiro da Várzea, Novo Airão, São Gabriel da Cachoeira e Jutaí registram um caso, cada.
Dos que foram confirmados, 387 estão em isolamento domiciliar – correspondem a 72,7% dos pacientes infectados. Outros 226 pacientes estão internados na rede pública e privada de saúde, o que equivale a 42,4% de todos os casos.
Segundo a FVS, os internados na rede privada são 45, dos quais 23 estão em leitos clínicos e 22 em UTI. Na rede pública são 37 internados, sendo 21 em leitos clínicos e 16 em UTI. Com isso, o total é de 82 casos internados confirmados. De casos suspeitos, são 144 pacientes. Destes, 49 estão na rede privada, 20 em leitos clínicos e 29 em UTI, e 95 pacientes internados na rede pública, 83 em leitos clínicos e 12 em UTI.
A taxa de letalidade por coronavírus no Amazonas é de 3,57%. A diretora-presidente da FVS, Rosemary Pinto, confirmou quatro novas mortes, mas não deu informações sobre os pacientes. São 35 mortes desde o primeiro caso, no dia 13 de março, sendo 19 confirmados, nove descartados e sete estão em investigação.
Unidades de atendimento
Rodrigo Tobias, secretário de saúde, reafirmou a necessidade de concentrar os casos de Covid-19 somente nos hospitais Delphina Aziz e Nilton Lins para evitar a propagação do vírus com alta taxa de transmissibilidade.
“Então, o nosso plano de contingência foi pensando em centralizar todos os casos em duas unidades: Delphina Aziz com os casos graves e o Hospital Nilton Lins, que faz então o cuidado com os leitos clínicos, ou seja, antes de agravar esses pacientes vão para o Hospital Nilton Lins e a partir de então, caso se agrave, vão ser usados então os leitos de UTI no Delphina Aziz”, disse.
De acordo com o governo estadual, 400 novos leitos clínicos estão sendo preparados no hospital da universidade para atender casos do novo coronavírus. Nesta semana, a unidade de saúde passará pelo processo de dedetização e desinfecção, além de testagem da rede de gases. Segundo o governador Wilson Lima, os leitos clínicos poderão ser adaptados para leitos de UTI, conforme a necessidade de atendimento e disponibilidade de equipamentos, e deverão ser usados em dez dias.
Epicentro
Rosemary Pinto afirma que o novo coronavírus já se espalhou por Manaus e não é mais possível identificar um epicentro da doença, que tende a afetar principalmente a população de baixa renda. “Na verdade, nós não podemos mais falar em epicentro. No início da epidemia nós tínhamos os casos concentrados principalmente na zona oeste e centro-sul. Hoje, nós já temos os casos disseminados por toda a cidade. E é claro que se está em toda a cidade fatalmente vai afetar a população de menor renda”, disse.
A diretora da FVS disse ainda que várias medidas do governo do Amazonas estão sendo tomadas no sentido de proteger essas populações, inclusive do ponto de vista econômico. Entretanto, o MPF (Ministério Público Federal), MPT (Ministério Público do Trabalho) e DPU (Defensoria Pública da União) cobraram ações mais efetivas do estado e município nesse sentido, com pedido de indenização de R$ 2 milhões por danos morais coletivos contra moradores de rua.