Reconhecemos que o espólio da Eletronorte é sinistro. Até aqui, porém, o processo de privatização só causou mais problemas à população. Muitos anos de Eletronorte com gestão incompetente, por isso, “a privatização da Amazonas Energia era, de fato, emblemática. Era aquela que tinha o conjunto maior de dívidas”. De 2012 a 2016, a Distribuidora acumulou prejuízo de R$ 10,18 bilhões. Dá pra imaginar o resto para trás. O que moveria um grupo empresarial, visivelmente especializado em venda de combustível, a encarar uma encrenca desse tamanho, com uma dívida recente de R$ 2,2 bilhões? Quem vai pagar essa conta? Ora, quem? Você, eu, o cidadão comum, os desempregados, 897.041 consumidores em 62 Municípios do interior do Amazonas.
E vejam como se deu a brincadeira: a venda desse bem público tinha regras claras no Programa de Parcerias de Investimentos e uma delas era garantir uma redução de até 11,36% nas tarifas ao consumidor. De fato, no que resultou, todos já sentiram na pele, no bolso e nos serviços mais precários a que o consumidor está habituado. Cobrança abusiva que empurrou os mais atentos aos próprios direitos a recorrer à Justiça. Há casos de aumento de trezentos por cento na fatura dos consumidores, duas contas numa única casa, atendimento com terceirizados insatisfeitos, um festival de anomalias no trato com o consumidor e de seus direitos.
Nesse meio tempo, a Empresa castigou e continua a castigar, há mais de uma semana, os municípios de Iranduba e Manacapuru com escuridão, prejuízo e desespero. Imaginem a cena das famílias com filhos pequenos, pessoas idosas ou doentes, alguns precisando de aparelhos ou de um pequeno ventilador para aplacar o calor amazônico. Pessoas sem energia para carregar o celular ou sequer pedir ajuda, isso sem falar no prejuízo gerado às empresas, o caos nas Unidades de Saúde, … Há recomendação para que a Empresa restabeleça a energia elétrica imediatamente, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção AM, apresentou Ação Civil Pública contra a Concessionária de Energia e pediu multa de vinte milhões de reais. Prejuízos imensuráveis, que deverão ser pagos, mas não pelo consumidor.
A Amazonas Energia está privatizada desde o final do ano passado. São quase dez meses de danos morais, materiais e lucros cessantes gerados aos consumidores. O tal Consórcio Oliveira Energia Atem, curiosamente, foi o único a apresentar proposta e arrematar a Distribuidora sem oferecer deságio, ou seja, depreciação do valor nominal de um título ou do preço de uma mercadoria em relação ao seu valor de Mercado, no caso, a redução das tarifas de energia. O consórcio, que opera nos Sistemas Isolados no Norte do País, já havia vencido o leilão pela Boa Vista Energia, realizado em agosto, também sem oferecer deságio.
Além dos consumidores, os grandes prejudicados, toda a economia da Cidade no setor alimentício que padece de refrigeração, foi para o lixo e deixou um rastro de mau cheiro no ar, para agravar a situação. Mercadinhos, lanchonetes, açougues, quem tinha alimentos no “freezer”, sem a energia, perdeu tudo. Nem os caixa eletrônicos estavam funcionando o que obrigou as pessoas a buscar Manaus para este e tantos outros serviços. Qual a solução para os consumidores? Seria instalar geradores de energia próprios. A que custo e quem vende? O gerador consome o quê? Diesel. Quem vende diesel? “Para bom entendedor pingo é letra”. Segundo as explicações da Atem, Amazonas Energia, a interrupção foi causada por falhas em um cabo subaquático submerso a uma profundidade de cinquenta metros no R\rio Negro, próximo à Ponte “Jornalista Phelippe Daou”. Mergulhadores profissionais vasculham, desde sábado, para aferir a veracidade da suposição. Pobres de nós, consumidores, pobre Amazonas, na mão dessa gente!
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