
Do ATUAL
MANAUS – O Amazonas foi o único estado da Amazônia Legal que registrou aumento no desmatamento de 2021 para 2022. Dados do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite) mostram que o total de área desmatada aumentou 13,05%. A informação foi divulgada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) na última quarta-feira (30).

Na comparação com os demais estados, o Amapá já era o que menos desmatava e foi o que apresentou maior redução no desmatamento, com 64,71% a menos de áreas devastadas entre 2021 e 2022. Tocantins teve a segunda maior queda na destruição de áreas de floresta (27,03%) e já apresentava índice reduzido de desmatamento.
O Pará ainda é o que registra a maior área desmatada (4.141 km²), seguido por Amazonas, Mato Grosso e Rondônia. Juntos, são responsáveis por 87,89% do desmatamento.
Desmatamento na Amazônia Legal

O desmatamento nos nove Estados da Amazônia Legal se consolidou numa taxa média de 11.396 km² derrubados nos últimos quatro anos, mostram os dados do Prodes. O número representa um aumento de 59,5% em relação ao período entre 2015 e 2018, quando a média foi de 7.145 km², e o maior resultado em 13 anos de medição feita por satélite.
Entre 1º de agosto de 2021 e 31 julho de 2022 – período usado para a medição oficial -, a estimativa foi de 11.568 km², uma redução de 11,27% em relação à taxa de desmatamento consolidada pelo Prodes 2021, 13.038 km².
“Toda redução do desmatamento é bem-vinda. Mas essa redução está longe de representar uma tendência de diminuição da derrubada da floresta na Amazônia. Esse número é a segunda maior taxa de desmatamento do governo Bolsonaro e a segunda maior taxa desde 2007 e 2008, quando políticas de sanções econômicas dos municípios críticos foram implementadas na Amazônia, o que ajudou, de fato, o desmatamento a cair neste período”, disse Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia).
A série histórica do Prodes com os totais de áreas desmatadas pode ser conferida AQUI.
O ano de 2021 também teve uma característica peculiar. Com o fenômeno La Niña, houve um aumento na umidade na Amazônia.
“O ano de 2021 foi um ano atípico. Com mais chuva, reduz queimadas, mas as operações de desmatamento ficam mais caras. É preciso investir, tem um custo a mais, quando a floresta precisa ser desmatada em época mais chuvosa. É mais difícil transportar trator, por exemplo”, explicou Alencar.
Para 2023, Ane Alencar acredita que a tendência é de alta no desmatamento, provocado pelo passivo dos últimos quatro anos.
“Sem transparência real de tudo que foi feito no ano passado para reduzir o desmatamento, principalmente no segundo semestre do ano passado, fica muito difícil atribuir essa redução ao governo. Uma prova disso é que houve aumento superior a 30% no segundo semestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano anterior, o que vai ser refletido na taxa de desmatamento no ano que vem.