SÃO PAULO – O presidente da França, François Hollande, elevou o alerta antiterrorismo para o nível mais alto após o ataque à revista satírica que deixou 12 mortos nesta quarta-feira em Paris. Hollande, que se dirigiu ao local do ataque, declarou que a ação foi um ataque terrorista e afirmou que quatro feridos estão “entre a vida e a morte” após homens mascarados terem invadido o local e realizado disparos com rifles AK-47. O presidente disse também que policiais estão entre as vítimas e declarou que vários ataques terroristas foram evitados no país nas últimas semanas.
Os dois homens que atacaram nesta quarta-feira, 7, a redação do jornal satírico francês Charlie Hebdo, em Paris, gritaram “vingamos o profeta”, segundo testemunhas citadas por uma fonte policial.
Num vídeo do ataque, filmado por um dos ocupantes do edifício que se refugiou num telhado e divulgou no site da televisão pública France Télévisions, ouve-se uma voz de homem gritar “Allahu Akbar” (Alá é grande) entre o som de vários disparos.
Por volta das 11h30 (horário local), dois homens armados com um fuzil automático kalashnikov e um lança-foguetes entraram na sede do jornal satírico Charlie Hebdo, no 11º bairro de Paris. No local, ocorreu uma troca de tiros com as forças de segurança, relatou uma fonte próxima da investigação à agência France Presse.
Ao fugirem do local, os dois atacantes feriram um policial a tiro. Em seguida, abordaram um motorista que transitava no local, tomaram o veículo e, na fuga, atropelaram uma pessoa.
O presidente francês, François Hollande, foi para o local e denunciou um “ataque terrorista” de “extrema barbárie”.
O jornal Charlie Hebdo tornou-se conhecido em 2006 quando decidiu republicar charges do profeta Maomé, inicialmente publicados no diário dinamarquês Jyllands-Posten e que provocaram forte polêmica em vários países muçulmanos.
Em 2011, a sede do semanário foi destruída num incêndio de origem criminosa depois da publicação de um número especial sobre a vitória do partido islamita Ennahda na Tunísia, no qual o profeta Maomé era o “redator principal”.
Dilma Rousseff
A presidente Dilma Rousseff (PT) condenou, em nota, o ataque ao escritório da revista satírica Charlie Hebdo. “Esse ato de barbárie, além das lastimáveis perdas humanas, é um inaceitável ataque a um valor fundamental das sociedades democráticas – a liberdade de imprensa”, disse Dilma.
A presidente disse que tomou conhecimento do “sangrento” e “intolerável atentado terrorista” com “profundo pesar” e “indignação”. “Nesse momento de dor e sofrimento, desejo estender aos familiares das vítimas minhas condolências. Quero expressar, igualmente ao Presidente Hollande e ao povo francês, a solidariedade de meu governo e da nação brasileira”, diz na nota divulgada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República.
Estados Unidos
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou o ataque e ofereceu apoio às autoridades francesas para identificar os autores. “Condeno veementemente o terrível tiroteio”, afirma um comunicado divulgado pela Casa Branca nesta quarta-feira.
“A França é o mais antigo aliado da América e tem ficado lado a lado com os Estados Unidos na luta contra terroristas que ameaçam o mundo e nossa segurança comum”, destaca Obama. A França e a grande cidade de Paris, onde esse ultrajante ataque ocorreu, oferecem ao mundo um exemplo atemporal que permanecerá muito além da visão odiosa desses assassinos.”
O presidente afirma no texto estar em contato com autoridades francesas e que orientou sua administração a oferecer o apoio que for necessário para “ajudar a trazer estes terroristas para a Justiça”.
O ataque à redação da revista em Paris ganhou enorme repercussão na imprensa norte-americana nesta quarta-feira. É o destaque principal nos portais do The New York Times e no The Wall Street Journal, além de reportagens ao vivo constantes nas redes de televisão.
(Agência Brasil e Estadão Conteúdo)