Por Ricardo Della Coletta e Gustavo Uribe, da Folhapress
BRASÍLIA-DF – Preocupados com a troca de acusações entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o embaixador chinês no Brasil, Yang Wanming, a ala pragmática do governo passou a defender que o governo peça desculpas ao país asiático.
Enquanto alguns auxiliares advogam por uma manifestação pública, militares afirmam que autoridades brasileiras deveriam entrar em contato com a missão diplomática de forma mais discreta, para deixar claro que a opinião do filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não é partilhada pelo Palácio do Planalto ou pelo Itamaraty. Para um assessor, independentemente do caminho escolhido, “alguma coisa terá que ser feita”.
Interlocutores ouvidos pela reportagem consideraram grave e fora da praxe diplomática o tom adotado tanto por Yang quanto pela conta oficial da embaixada da China no Brasil para responder a publicações de Eduardo, que disse em suas redes que a China é culpada pela pandemia da Covid-19.
O parlamentar republicou no Twitter um texto sobre o tema e, numa introdução, comparou a resposta de Pequim diante da pandemia à atuação dos soviéticos para esconder a real magnitude do acidente nuclear de Tchernobil (1986). “A culpa é da China e a liberdade seria a solução”, escreveu, numa mensagem que posteriormente foi apagada.
As autoridades chinesas classificaram como ‘insulto maléfico’ as declarações do deputado e disseram que ele voltou com um ‘vírus mental’ da viagem aos Estados Unidos. A conta da missão diplomática da China na rede social afirmou ainda que a atitude de Eduardo está ‘infectando a amizade’ entre os dois países.
Auxiliares do presidente Bolsonaro ressaltaram que as respostas dos chineses ocorreram horas depois da mensagem publicada por Eduardo, o que significa que Yang está respaldado por Pequim. Isso revela, dizem, que o mal-estar causado pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é ‘mais grave do que se imagina’.
As manifestações chinesas causaram apreensão no agronegócio, na equipe econômica e entre militares. O país asiático é hoje o maior comprador das exportações nacionais, sobretudo de produtos agrícolas. Além disso, enquanto no Brasil a pandemia do novo coronavírus está em seu estágio inicial, na China ela se aproxima da fase final.
A avaliação, portanto, é que os chineses estarão à frente de qualquer esforço de retomada da demanda global e o Brasil não pode se dar ao luxo de ter rusgas políticas com Pequim nesse momento.
Sob condição de anonimato, um auxiliar destaca que a China, tanto pelas compras do agronegócio quanto pelos investimentos que realiza no Brasil, será peça fundamental da recuperação da economia brasileira após os meses de paralisação pela crise sanitária.
Também chamou a atenção de membros do governo brasileiro que o embaixador Yang tenha marcado em suas redes sociais tanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quanto o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores), numa sinalização de que o regime chinês espera manifestações de ambos.
Maia pediu desculpas, em nome da Câmara dos Deputados, pelas ‘palavras irrefletidas’ de Eduardo, mas Araújo até o momento não se pronunciou. Segundo disseram à reportagem interlocutores, o chanceler ainda avalia se adotará algum posicionamento público, cujo possível teor ainda é desconhecido.
Um pedido de desculpas por parte de Araújo é delicado, uma vez que ele é um expoente do grupo ideológico do governo e tem em Eduardo Bolsonaro seu principal pilar de apoio para permanecer no cargo. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), disse que a manifestação de Eduardo culpando a China pelo coronavírus é ‘infeliz’.
“Eu acho que a manifestação do Eduardo é infeliz neste momento, mas é preciso perceber que a mensagem expressada tem peso relacionado a quem a expressa. Neste momento, com pouquíssima credibilidade”, declarou, referindo-se ao filho do presidente.
Ele destacou, porém, que a fala do deputado não deve ser entendida como uma opinião do governo brasileiro ou de Bolsonaro. “Você não pode interferir na relação dos países com uma declaração de alguém que é paralelo ao poder”, disse. “É uma questão diplomática, não é expressão da Presidência da República. Os pais não são diretamente responsáveis pelos atos e condutas dos seus filhos o tempo inteiro”, concluiu.
Ele não insultou ninguém! até quando vamos fechar os nossos olhos para um país comunista que explora o seu povo? eles esconderam sim o coronavírus até não ter mais condições, mandaram prender o médico que alertou sobre a gravidade do coronavírus (e ele morreu aos 34 anos de idade ou assassinado por esse Governo Comunista). São os responsáveis sim por esse tsunami que está matando milhares de seres humanos e acabando com a economia mundial.