
EDITORIAL
MANAUS – A Advocacia Geral da União, comandada por André Mendonça, sabidamente um serviçal do presidente Jair Bolsonaro, ingressou com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo a suspensão do decreto do governador de São Paulo, João Doria, que proíbe a realização de atividades religiosas presenciais durante a pandemia de Covid-19.
A justificativa está no seguinte trecho do pedido: “Para os mais de 2 bilhões de fiéis que professam a fé cristã no mundo, a Páscoa é talvez a celebração mais importante de todas, unindo todos os segmentos do cristianismo, como o catolicismo romano, a ortodoxia oriental e o protestantismo”.
Por trás do pedido do advogado-geral da União está uma tacada política para tentar elevar a combalida popularidade do presidente da República, que não pensa em outra coisa senão na campanha à reeleição em 2022.
O apelo religioso da ação da AGU surpreende até os fieis mais devotos, em tempos de pandemia, quando as próprias igrejas (católica, em especial) suspenderam as atividades presenciais para resguardar a vida de seus membros.
Desde de março de 2020, as missas são realizadas de forma remota ou com número controlado de participantes, devido aos riscos de contaminação. As missas de celebração da páscoa não estão proibidas, e podem ser realizadas com transmissão ao vivo aos fiéis. O próprio Vaticano, no domingo passado, abriu as celebrações da Páscoa, no Domingo de Ramos, com uma missa restrita.
A ação de André Mendonça é uma aposta do governo Bolsonaro na loucura que o “chefe supremo” da Nação vem pregando contra o distanciamento social como forma de frear o contágio da população pelo vírus mortal. Ele acha que ganha a confiança daqueles mais prejudicados com as restrições impostas por governadores e prefeitos.
São Paulo registrou nos últimos três dias mais de mil mortes diárias por Covid-19. Nesta quinta, a média móvel diária de óbitos bateu novo recorde e chegou a 890, quantidade 91% maior do que a registrada há 14 dias. Na primeira onda da pandemia, São Paulo teve pico de 280 mortes por dia na média móvel.
A média móvel de novos casos confirmados também bateu recorde e ultrapassou pela primeira vez o valor de 17 mil. Foram 17.933 novos casos em média nesta terça, valor 25% maior que o de 14 dias.
São Paulo vive o pior momento da pandemia e o governo Bolsonaro quer liberar cultos e missas. Parece brincadeira, mas é verdade. E a ação da AGU pede que a liberação tenha validade para todos os Estados brasileiros.
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