Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Davi Souza da Silva, de 23 anos, um dos suspeitos da morte do jovem indígena Melquisedeque Santos do Vale, o Mélqui, é considerado foragido da Justiça. Após tentativa frustrada de notificá-lo, o juiz Anésio Rocha Pinheiro, da Comarca de Manaus, decidiu continuar com a audiência de instrução e julgamento do caso no dia 14 deste mês sem a presença dele.
“Constato que o acusado Davi Souza da Silva encontra-se em local incerto e não sabido (foragido da Justiça). (…) Entendo que o processo deve seguir sem a presença do acusado (…) Neste sentido, decreto a revelia do acusado (…), e determino que o processo prossiga sem a sua presença”, diz a decisão de Pinheiro proferida na quinta-feira (30).
A primeira audiência ocorreu no dia 27 de outubro de 2022. Naquele dia uma vítima e testemunhas faltaram na reunião e o MP pediu para analisar a necessidade de ouvi-las em outra data. As oitivas seriam retomadas no dia 21 de março, mas Davi e representantes da Defensoria Pública não compareceram, o que motivou o juiz a remarcar a audiência para o dia 14 deste mês.
Além de Davi, são réus no processo Janderson Cabral Cidade, de 20 anos, e Lucas Lima, de 25 anos. Segundo o MP-AM (Ministério Público do Amazonas), o trio entrou no ônibus da linha 444 vestido de gari para roubar celulares e dinheiro de passageiros. Sem motivo, Janderson disparou na cabeça de Mélqui, que morreu na hora.
Após cometer o crime, o trio exigiu que o motorista do ônibus parasse o veículo para que eles descessem e fugissem por um matagal. Conforme a promotora de Justiça Leda Mara Albuquerque, havia um “comparsa que conduzia o automóvel destinado ao auxílio e fuga dos denunciados”. Ele também fugiu. O MP ainda não identificou quem era o “piloto de fuga”.
Lucas foi preso no dia 16 de março em uma rua do bairro Cachoeirinha, na zona sul de Manaus, e apontou Janderson como autor do disparo contra Mélqui. No dia seguinte, 17 de março, policiais militares localizaram e prenderam Janderson em uma casa no bairro Monte das Oliveiras, na zona norte de Manaus, após denúncia anônima.
Janderson e Lucas foram denunciados pelo MP no dia 4 de abril de 2022, ocasião em que Leda Mara solicitou à polícia que localizasse e interrogasse Davi, que havia sido mencionado por Janderson. No dia 7 daquele mês, acompanhado de uma advogada, Davi compareceu à Derfd (Delegacia De Roubos, Furtos e Defraudações) para prestar depoimento.
Em depoimento, Davi confirmou a participou na ação criminosa que resultou na morte de Mélqui. Ele disse que Lucas era o “cabeça do grupo” e foi quem deu a ideia de fazer assalto no veículo. Também sustentou a versão de que foi Janderson quem disparou contra o jovem indígena. Segundo Davi, Janderson usou uma arma de fogo caseira.
Davi descartou a versão de que o motorista que deu suporte ao grupo estava em um carro Renault/Symbol, da cor vermelha, como apontaram denúncias anônimas que levaram à prisão de um homem que não foi denunciado pelo MP. Segundo David, o motorista que auxiliou na ação criminosa estava em um carro Classic, de cor preta.
No dia 7 de abril de 2022, o delegado Ismael Schettini Trigueiro, da Derfd, indiciou Davi como um dos autores do crime contra Mélqui após o jovem de 23 anos ter confessado participação na ação criminosa. Davi foi incluído pelo Ministério Público na denúncia contra Janderson e Lucas no dia 10 de abril. Agora, ele mudou de endereço e não informou a justiça onde está.