A maior empresa brasileira e produtora de Energia, dominadora da tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas, vem atravessando uma grave crise de gestão e corrupção que a transformou na empresa mais endividada do mundo desde a sua fundação em 1953. Com certeza a Petrobras vai sobreviver aos governos do PT, mas vai levar anos para se recuperar, inclusive a credibilidade. A Petrobras não é de perto uma das grandes empresas mundiais produtoras de petróleo, que passaram, nos anos mais recentes, a produzir energia e não só petróleo. A maior empresa mundial desse ramo é a gigantesca Royal Duitch Shell, empresa anglo-holandesa.
O petróleo é um combustível de origem fóssil, originado de Hidrocarbonetos, resultantes da decomposição da matéria orgânica de animais e vegetais, ao longo de muitos milhões de anos. Chegou ao Cinema, um filme novo chamado Noé. Acreditam historiadores que o petróleo seja conhecido como Betume desde os tempos mais remotos e inclusive tenha sido usado para selar as muitas partes da Arca. De concreto nada se tem, mas muitas evidências.
Mais que um retrato a óleo do Brasil, a Petrobras tem história e sempre foi o orgulho de todos os brasileiros. A maior empresa brasileira, não apenas mais um daqueles sonhos ufanistas. Sempre foi real. O grande problema é que o PT não planeja, não vê à frente… E o petróleo está deixando de ser a principal fonte mundial de energia, não só porque se torna mais escasso, mas também porque é altamente poluidor. Desde a queima nas Refinarias até a descargas dos automóveis. Mesmo o Gás Natural ainda é poluidor, embora menos que o petróleo e seus derivados.
O consenso dos analistas da indústria petrolífera é que a Petrobras está soçobrando diante dos abusos da qual vem sendo vítima. É consenso também que o potencial da Petrobras é tão grande que, deixada em paz pelo governo, retomará a trajetória que fez dela, no auge, umas das petroleiras mais valiosas do mundo, em pouco tempo. Os políticos da atual gestão petista abusaram do aparelhamento político da Petrobras, transformando-a em uma fonte de escândalos de corrupção.
A Petrobras foi usada para tentar corrigir erros absurdos da Política Econômica do PT, inclusive sendo obrigada a amargar prejuízos bilionários. Coisa que na moderna Administração Pública Gerencial, simplesmente não existe. Está fora do tempo. O resultado já é desastroso para a empresa e para o Brasil. Fora o que ainda vai sair da cartola. Sabe-se lá o que mais tem por lá. Parece que o PT incorre naquele velho ditado até popular e, às vezes, com forte fundo econômico de fatos, de que, “quem nunca viu tanto dinheiro não sabe o que fazer com ele, exatamente porque vem demais, em grande quantidade”. Os políticos do PT acham que o dinheiro público é deles.
Se a empresa não tivesse tido essa má gestão e influência negativa do PT & Cia., a empresa teria cumprido seu audacioso e bilionário plano de investimentos, responsável por 1% do PIB do Brasil. Quanto mais se mexe e remexe o caso de Pasadena, a Refinaria que a Petrobras comprou no Texas (EUA) e que já entrou para a história como um dos mais mal sucedidos negócios da Petrobras, mais interrogações surgem. O processo que resultou no contrato selado, ainda em setembro de 2006, entre a Petrobras a Trading belga Astra Oil não choca apenas pelas cifras envolvidas. Adquirida pelos belgas um ano antes por US$ 42,5 milhões, custou à Petrobras US$ 1,2 bilhão!
Agora mais recente, uma análise da compra da refinaria feita pelo TCU mostra que a aquisição da petrolífera tinha muitas irregularidades: 1) o acordo com os belgas teve características atípicas, que fogem a racionalidade do mercado; 2) ele foi costurado de forma a não deixar possibilidade de sociedade com os belgas prosperar; 3) o prejuízo para a parte brasileira era inevitável. Até a Colômbia dá lições ao PT. Com foco nos resultados (e livre do uso de políticos do governo), a Ecopetrol desbancou a Petrobras como modelo de gestão para as estatais petrolíferas na América Latina. A variação do valor de mercado[1] da Petrobras caiu 64%!
A Petrobras e a Ecopetrol têm como principal negócio refinar petróleo. Ambas encabeçam a lista das maiores empresas em seus respectivos países, estão listadas na Bolsa de valores de Nova York e têm o governo como grande acionista. A Ecopetrol não está imune à corrupção, mas a vigilância interna torna os casos raros. O mercado reconhece o esforço de transparência da empresa. E a confiança do mercado de ações é, atualmente, inversamente proporcional aos índices de aprovação do governo Dilma Rousseff. A dissonância entre o governo Dilma e o mercado sinaliza que este projeto país descarrilou. E precisamos de mudanças antes que fiquemos para trás na economia mundial[2].
A seis meses da eleição presidencial tudo parece conspirar contra Dilma e o PT. Há outro problema: acho que o Brasil ficou “rico” em petróleo muito tarde. O tal falado Pré-Sal, como seriam divididos os lucros dessa riqueza perderam força. Outro importante fator a ser tratado com muita seriedade é a realidade global relativa ao meio ambiente. No passado foram feitas conclusões equivocadas que afirmavam até que a Amazônia era o “pulmão do mundo”. Bem, não é bem assim. Os oceanos são os maiores captadores do CO², onde ele entra na formação de Carbonato de Cálcio – o Calcário. Outro aspecto importante é a fotossíntese, que também capta o CO² e devolve à atmosfera o Oxigênio, processos naturais. Nada que não é natural costuma dar certo.
O que isso tem haver com o nosso assunto: Petróleo?! Bom, como eu disse, petróleo é um combustível fóssil resultante de Hidrocarbonetos e altamente poluidor[3]. E o mundo está desenvolvendo novas formas de energia mais limpas. Esse é o futuro. Os cientistas não são como ovelhas que podem ser manipulados. Lidam com dados científicos. A problemática ambiental contemporânea é o mais sério problema que a humanidade já enfrentou em todos os tempos. Aqui, nada do que falo é baseado em achismos. Os dados científicos do último Relatório Ambiental divulgados em Tókio (Japão), na semana passada, mostram que essas alterações têm uma enorme participação do homem e de seu modelo de vida caótico desde meados do século XX[4], principalmente. Mas o problema mesmo agravou-se desde a Revolução Industrial Clássica. Investir em novas soluções deve estar sempre em pauta. Isso é se desenvolver e não só crescer. Fiquemos com os fatos, dessa cartola mágica chamada Brasília, de onde saem muitas surpresas. No caso, aprendemos que o bom no negócio da refinação, não é refinar petróleo. É vender refinarias para a Petrobras.
[1] Esse estágio da economia brasileira realmente não anda bem das pernas e já suscitou críticas internacionais. Milton Friedman, economista norte-americano, que teorizou o Neoliberalismo demonstrou que a Inflação é sempre um fenômeno Monetário e atrelado ao tipo de política econômica adotada pelos governos. Por essas razões ganhou o Prêmio Nobel de Economia.
[2] Milton Friedman foi um dos mais destacados economistas do século XX e um dos mais influentes teóricos do liberalismo econômico. Principal apóstolo da Escola Monetarista e membro da Escola de Chicago, além de defensor do laissez faire e do mercado livre, Friedman teve muitas de suas ideias aplicadas na primeira fase do governo Nixon, em boa parte do governo Ronald Reagan e no governo chileno de Augusto Pinochet. Era pai do teórico David Friedman.
[3] As potências internacionais estão correndo contra o tempo para reduzir o uso de combustíveis fósseis altamente poluentes e ficar abaixo dos limites acertados para evitar o aquecimento global, aponta um estudo preliminar da Organização das Nações Unidas (ONU) a ser aprovado nesta semana. Autoridades governamentais e cientistas especialistas no estudo do clima irão se reunir em Berlim entre os dias 7 a 12 deste mês para revisar o estudo de 29 páginas que também estima que a mudança para o uso de energia de baixo carbono poderia custar algo entre dois e seis por cento da produção mundial em 2050.
[4] Hacker de nuvens: nove entre os dez computadores mais poderosos do mundo já são usados para monitorar as mudanças climáticas. No Brasil, o supercomputador Tupã, do INPE é o responsável pelo modelo brasileiro do Sistema Terrestre.
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