Um estudo publicado pela Schol of Economics da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, em 2014, discutiu os custos dos congestionamentos na maior metrópole da América do Sul. A pesquisa apontou que mensalmente 13 mil automóveis, em média, são acrescentados à frota municipal. Por outro lado, concluiu que os investimentos em infraestrutura viária e no transporte coletivo de alta capacidade foram insuficientes para atender o aumento da demanda por locomoção na cidade.
Esse descompasso originou a crise de mobilidade urbana, causando congestionamentos e implicando perdas bilionárias de dois tipos: o tempo ocioso das pessoas no trânsito e os gastos pecuniários impostos à sociedade. Estima-se que a crise de mobilidade em São Paulo custa em torno de R$ 40 Bilhões ao ano.
A realidade de São Paulo pode ser facilmente recortada para qualquer grande cidade brasileira. Em Manaus, embora não se tenha notícia de estudos científicos sobre o impacto financeiro dos congestionamentos na economia da cidade, é de conhecimento geral que a crise de mobilidade urbana afeta negativamente a economia e a qualidade de vida das pessoas na capital do Amazonas.
As principais causas da crise de mobilidade urbana em Manaus são a falta de planejamento urbano, ausência de investimentos em obras e o aumento exponencial da frota de veículos. Problemas antigos, tratados pelas gestões municipais com soluções velhas, quase todas fracassadas por incompetência administrativa, irresponsabilidade política ou incapacidade técnica para concluir grandes projetos.
A Organização das Nações Unidas (ONU), em seu relatório “State of the World’s Cities” (2012 – 2013), aponta que no futuro, o motor da prosperidade econômica será “o dinamismo e a intensa vitalidade das cidades”. Para reforçar essa ideia, afirma que “o bom ambiente urbano é tão determinante no século XXI como a matéria prima foi para a indústria no século XIX”. São conclusões que deveriam ser conhecidas de todos os gestores públicos que administram ou almejam administrar grandes cidades.
É preciso consciência de que, nessa área, medidas provincianas e eleitoreiras só agravam o problema. São necessários investimentos em planejamento urbano, uso intenso de tecnologias e meios de transporte sustentáveis, além de retomar o controle do sistema, hoje entregue nas mãos do sindicato dos rodoviários e sindicato das empresas de transporte.