Por Feifiane Ramos, do ATUAL
MANAUS – A maioria dos elevadores instalados em passarelas de Manaus não funciona. Depredados por atos de vandalismo, os equipamentos são essenciais para idosos, cadeirantes e pessoas com dificuldade para se locomover atravessaram avenidas com segurança. A falta de manutenção também compromete o funcionamento das máquinas.
Há casos de inoperância de mais de um ano como os elevadores das duas passarelas na Avenida Max Teixeira, na zona norte de Manaus. Inaugurado em dezembro de 2020, a cabine virou depósito de lixo. Passageiros de ônibus, estudantes e trabalhadores que usam regularmente a passarela enfrentam forte odor.
A reportagem esteve na passarela e verificou as condições. O elevador virou lixeira tanto na parte de cima quanto de baixo da passarela. As paredes estão completamente pichadas. A passarela também tem pouca iluminação. À noite, gera insegurança.
“Eu pego ônibus nessa estação todos os dias pela manhã e o cheiro que bate desse acúmulo de lixo, que fica na área onde funcionava o elevador, é terrível. À noite, aqui é tudo escuro e a sensação de insegurança é grande”, relata a trabalhadora doméstica Rosana Ferreira, de 37 anos.
Rosana disse que os elevadores estão parados “há um bom tempo”, e que não tem mais esperança de que voltem a funcionar. A situação é a mesma nos elevadores de cada um dos lados da passarela.
Na mesma avenida, na estação de transferência de passageiros de ônibus Parque das Nações, chamada de E4, os dois elevadores, por fora, estão com boa aparência, mas estavam trancados. O ATUAL apurou que também estão danificados.
Em outra passarela, que também permite acesso à estação de ônibus, em frente à Arena Poliesportiva Amadeu Teixeira, na Avenida Constantino Nery, zona centro-sul, dos três elevadores, apenas o do sentido bairro-Centro funciona, ou seja, pode ser usado apenas para subir. Os outros estavam trancados.
Alcelina Ribeiro, fiscal da estação, relatou que os elevadores estão trancados porque estão “danificados”. Segundo ela, já foi solicitado do IMMU (Instituto Municipal de Mobilidade Urbana) o reparo, mas “eles estão esperando chegar a peça” para fazer o conserto, disse.
Conforme Alcelina, os reparos são feitos em até uma semana depois que é comunicado o problema, mas quando tem a necessidade de compra de peças de outros locais demora mais tempo. A fiscal acrescentou que naquela estação há “Manutenção de Preventiva” dos equipamentos, ao menos duas meses no mês.
Obstáculos
Sem o elevador, a necessidade de subir as escadas para quem já não tem forças nas pernas é um drama. O marceneiro Jaercio Viana, de 62 anos, contou que com a idade avançada sente cansaço e dificuldade para “vencer” os degraus.
“Os elevadores são bons porque a gente só entra neles e não precisa subir esse tanto de degraus. Mas aí, quando a gente vê o elevador todo destruído, como o da Estação 4, a gente fica triste porque nós, idosos, já não temos mais muitas forças nas pernas. E onde há [elevador], estão com cadeados. Fica difícil para gente se locomover porque nem todos [idosos] são bons da perna”, desabafou.
Jaercio também citou a dificuldade para os cadeirantes e revelou que já viu muitos “deles” atravessando avenidas e ruas por não ter como atravessar nas passarelas, pois sem elevadores é “impossível”.
“Devido ao trânsito, não tem como ele atravessar numa cadeira de roda, né? Fica difícil para ele, não só para mim. Eu falo no modo geral, né. Tem muitos idosos aí que têm reclamado muito, mas o que a gente pode fazer. Tá tudo trancado. Não se pode fazer nada. O que resta é subir escada e descer escada”, disse.
A Estação São Jorge (E1) está com apenas um elevador funcionando. No local, o ATUAL ouviu o aposentado Heverano de Souza, de 68 anos, que precisa pegar ônibus ao menos uma vez por semana.
“Eu tenho 68 anos, sou hipertenso, né. Então, para subir essas escadas fica muito cansativo para mim. Tendo um elevador, poxa, vai melhorar muito para mim, tá entendendo? Já sobre essas escadas eu fico um pouco sufocante ao subir”, se queixou.
Para Heverano, não é preciso apenas instalar os equipamentos, mas investir em manutenções e reparos necessários para funcionarem sem interrupção.
Vandalismo
Sobre o vandalismo, a fiscal Alcelina Ribeiro informou que ajuda como pode. Segundo ela, às vezes “até alunos ficam brincando com os botões dos elevadores e isso danifica os equipamentos”.
Desrespeito
Para Isaac Gomes Benayon, presidente de honra da Adafe (Associação dos Deficientes Físicos do Amazonas), a falta de manutenção dos elevadores não é apenas um incômodo, mas também uma violação dos direitos dos cidadãos à acessibilidade e segurança. Ele disse que garantir acessibilidade às pessoas que precisam é um dever do gestor público.
“Não adianta instalar [elevadores], tem que haver investimentos nas manutenções”, diz. Ele afirma que é mais “fácil lacrar do que reparar”. Benayon diz que os cidadãos de Manaus merecem passarelas seguras e acessíveis.
IMMU
O ATUAL entrou em contato com o IMMU e questionou como são feitas as manutenções dos elevadores, com que frequência e porque ainda não foi feita os reparos dos que estão servindo com depósito de lixos. Até a publicação desta matéria não houve retorno da instituição.