A apropriação das novas tecnologias de comunicação pelos autores populares não é incompatível com os seus modos de produção cultural, assim como a apropriação dos meios de comunicação popular por autores consagrados na sua produção cultural. São incontáveis os exemplos de apropriação pela indústria cultural de elementos da cultura popular e vice-versa.
Não existe novidade nesse sentido, o que existe de novo, é a velocidade dos acontecimentos, do consumo em escala mundial.
As telenovelas não são apenas narrativas ficcionais com tramas de desejo, amor e ódio, mas produtos estratégicos de venda de bens de consumo materiais e imateriais. As tramas ficcionais vendem alimentos, bebidas, roupas, músicas, espetáculos de teatro e shows protagonizados pelos artistas que se transportam em carne e osso para vários países onde são exibidas as suas telenovelas. Não é por acaso que as telenovelas brasileiras de maior audiência, também no exterior, são as de época e de temática rural agregadas de valores das nossas tradições culturais.
É um produto que atende à segmentação de mercado de bens midiáticos e de demandas no mundo globalizado.apropriam, fazem uso da mídia, principalmente da televisão, para reinventar os seus produtos.
Tomo aqui por empréstimo a afirmação de Umberto Eco sobre o que é o intelectual, ‘quem exerce uma atividade criativa nas ciências ou nas artes, o que inclui, por exemplo, um agricultor que tem uma ideia nova sobre a rotação dos cultivos”. O que não falta aos produtores das culturas populares, na maioria analfabeta, é talento, criatividade e novas ideias para a construção dos seus mundos reais, ficcionais, alegóricos e de narrativas inesgotáveis. Dessa forma, intelectuais até então não consagrados pela academia são também os que produzem a cultura popular e que operam nas redes de comunicação cotidiana como mediadores ativistas no processo dialético da hibridização cultural entre o moderno e o tradicional, o rural e o urbano, o global e o local.
Nesse jogo negociado entre o local e o global os autores populares também projetam na mídia as suas obras literárias, musicais e teatrais. Por sua vez a mídia se apropria das expressões do imaginário cultural popular com o sentido da espetacularização direcionando para a grande audiência uma diversidade de mercados de consumo. A televisão, mídia que opera com muita competência faz esse jogo de apropriação das tradicionais culturas populares, integral ou parcialmente, refuncionalizando suas formas e conteúdos para atrair maior audiência e consequentemente mais patrocinadores e maiores lucros. É um negócio cultural de interesse mercantilista.
As manifestações culturais populares têm as suas origens nas comemorações comunitárias festas religiosas ou profanas. Para atender à nova ordem econômica do mundo globalizado, de produção e consumo de bens materiais e imateriais transformam-se em acontecimentos midiáticos que envolvem as redes de televisão, o interesse das grandes marcas de bebidas, dos políticos, do turismo e até dos pequenos comerciantes temporários, na maioria Nesse processo de troca de valores simbólicos, os dois sistemas para a sua celebração são opostos e conflituosos. Para os promotores locais, a celebração das festas continua tendo os significados lúdico, mítico, mágico e religioso, mas, nos últimos anos também passaram a existir os interesses dos negócios.
Portanto, não é comendo Big Mac, Pizza Hut, vestindo calças jeans ou roupas de vaqueiro americano nos rodeios ou nas vaquejadas, na espetacularização das festas populares, ou reinventando as próprias grifes ou consumindo produtos piratas que o brasileiro vai deixar de ser brasileiro.
A globalização não elimina as diferenças e não equaciona as desigualdades culturais. Ao contrário, nesses processos a apropriação pela mídia das tradições populares brasileiras, não ocorre passivamente, porque os campos da recepção são tencionados no interior dos subsistemas dos campos culturais, que se interligam pelas redes de comunicação do local, onde operam os mediadores ativistas na apropriação, incorporação e conversão dos bens culturais midiáticos para as suas práticas da vida cotidiana. São manifestações culturais que estão em constante processo de mudança de significado. Portanto, não faz mais sentido essa preocupação de estudar, fora desses contextos, as possíveis deturpações descaracterizações das manifestações das culturas populares nas sociedades midiatizadas ou, como queiram na sociedade dos espetáculos.
A assinatura da lei de incentivo a cultura para Manaus
Depois de mais de 20 anos sendo pauta em seminários debates e conferencias, finalmente na ultima sexta feira dia 10 de fevereiro, a lei municipal de incentivo a cultura, foi assinada pelo prefeito Arthur Neto, com a presença de todo o conselho municipal de cultura e suas representações, recebida para tramitar em caráter de urgência na câmara, “Eu pretendia ter feito isso em 2015, mas os dois últimos trimestres de 2014 já mostravam a crise que viria e o quanto seria difícil trabalhar a renúncia fiscal. Então, é com muita responsabilidade que assino essa Lei de Incentivo à Cultura e do SISCULT, garantido a participação e apoio da Prefeitura aos eventos especiais como Carnaval e Festivais Folclóricos”, destacou o prefeito Artur Virgílio Neto.
Segundo ele, depois de regulamentada, os artistas terão à disposição para serem captados, junto aos empresários, R$ 5 milhões no primeiro ano e vigência da lei, o equivalente a 1% do valor arrecadado de ISSQN; R$ 8 milhões no segundo (1,5%); R$ 10 milhões no terceiro ano,correspondendo a até 2% de renúncia fiscal da Prefeitura. “Os empresários poderão disponibilizar até 20% do valor que normalmente repassariam à Prefeitura com o ISSQN para projetos culturais. É uma renúncia fiscal que a Prefeitura faz em nome do fomento à Cultura de Manaus”, afirmou o diretor-presidente da Manauscult, Bernardo Monteiro de Paula.
Recebida com entusiasmo pelo presidente da casa e demais vereadores, apresentada pelo presidente do conselho Marcio Sousa (Concultura), enfatizou, “a expectativa é de que a lei crie na cidade de Manaus uma cultura de mecenato. “Queremos que os empresários que utilizem a renúncia fiscal para investir em projetos culturais, passem a entender que é importante associar suas marcas e seus produtos à vida cultural da cidade”. Temos planos de apoio da Federação do Comércio e da Federação das Indústrias para promover esses encontros e sensibilizar o empresariado”, uma lei que prima pela desburocratização e simplicidade, se o projeto cultural apresentado ao conselho for cultural e tiver a aprovação do conselheiro, será incentivado.
O conselho municipal de cultura e composto por 18 cadeiras, onde 8 são eleitas pela comunidade artística, teatro, dança, literatura, artes visuais, musica, cinema, projetos especiais e cultura étnica, indicadas pelo poder publico Municipal 8 cadeiras das secretarias afins. comunicação,educação,administração, trabalho, meio ambiente, esporte e juventude, cultura . Conselho eleito 2015 a 2017.