Por Felipe Campinas, do ATUAL
MANAUS – Por volta das 17h30 do dia 17 de de setembro de 2017, Kelly Regina da Silva, de 37 anos, chegou na Maternidade Pública Balbina Mestrinho, na zona sul de Manaus, com dilatação adequada para a realização imediata do parto. Ela deu à luz somente às 21h, e a filha, que hoje tem 5 anos, teve paralisia cerebral. Kelly alega erro médico.
Na última terça-feira (21) a DPE-AM (Defensoria Pública do Amazonas) pediu, na Justiça, que o Estado do Amazonas seja condenado a pagar indenização por danos morais no valor de R$ 500 mil à criança e de R$ 70 mil à mãe. Também pediu o pagamento de pensão mensal vitalícia à criança no valor de um salário mínimo – atualmente em R$ 1,3 mil.
Atualmente, Kelly não pode trabalhar porque tem que dedicar o tempo integral à filha e conta com benefício social do governo federal. A criança precisa de acompanhamento constante de fisioterapeuta, fonoaudiólogo e neurologista pediátrico. “Nenhum valor vai pagar o que eu passei, passo e o que vou passar com ela ainda”, disse Kelly ao ATUAL.
Na ação judicial, a defensora pública Manuela Cantanhede Antunes relata que Kelly foi alvo de descaso, pois permaneceu por mais de 4 horas em “trabalho de parto intenso, prematuro e propício, uma vez que sua dilatação encontrava-se adequada para realização imediata do parto desde o momento em que chegou à maternidade”.
Kelly chegou na maternidade com oito centímetros de dilatação e fortes contrações. O primeiro médico que a atendeu afirmou que seria realizado parto cesariano porque se tratava de parto prematuro. Em razão da troca de turnos, a mulher foi encaminhada à outra médica, que pediu preparação para realização do parto normal, e, depois, a um terceiro médico.
“No entanto, entre a troca de médicos, ressalta-se que a Requerente queixava-se de forte cefaleia, pressão baixa e as contrações seguiam intensificando-se, bem como sua dilatação aumentava. Por conseguinte, foi encaminhada mais uma vez a um terceiro médico, que, finalmente, realizou o parto vaginal, por volta das 21h”, relatou Manuela Antunes.
Kelly esperou por quatro horas para dar à luz a filha. De acordo com a Defensoria, a demora ocasionou sofrimento fetal (falta de oxigênio para o feto). “Em virtude da má realização do parto normal e demais negligências cometidas no atendimento da mãe e de sua filha na maternidade, esta adquiriu paralisia cerebral, em virtude da hipóxia neonatal”, disse a defensora.
De acordo com a DPE, a criança chegou a ser encaminhada à UTI Neonatal para tratamento das sequelas sofridas, onde permaneceu até o dia 26 de setembro de 2017. Posteriormente, foi encaminhada à enfermaria, para permanecer sob cuidados especiais, e foi liberada no dia 3 de outubro de 2017.
Para a defensora, não há dúvidas que a criança teve paralisia em razão de erro médico. “Cumpre ressaltar que o evento hipóxico-isquêmico é resultado do erro médico cometido durante o parto da Requerente, uma vez que, no decorrer de todo o período gestacional da genitora, não foram atestados quaisquer anormalidades”, disse Manuela Antunes.
A defensora afirmou que solicitou da Maternidade Pública os prontuários de Kelly e da filha dela, a fim de realizar a devida análise da conduta dos profissionais da Saúde. “No entanto, em resposta, foi afirmado pela equipe da Maternidade que os referidos documentos foram danificados e totalmente perdidos”, afirmou a Manuela Antunes.
A SES-AM (Secretaria de Saúde do Amazonas) foi procurada pela reportagem, mas não respondeu aos questionamentos.
Defensor público tem capacidade pra dar parecer médico só olhando papéis?
Parecer médico não. Mas avaliar a conduta dos profissionais sim, pois quando á uma ação judicial na defensoria pública, esta trabalha juntamente com peritos especializados em cada caso. A fim de solucionar a questão em análise.
Também passei por descaso nessa maternidade! Em abril de 2022, na sala de ultrassonografia, o médico plantonista um tal de Elias, não respondeu minhas perguntas durante a ultrassom, permaneceu conversando com a enfermeira na sala e me ignorando totalmente! E eu tensa… Preocupada com o bebê, era minha primeira gestação, ele viu que eu estava chorando e ficou rindo e continuou sem tirar minhas dúvidas, sai chorando da sala, meu esposo perguntando o que havia acontecido, até hoje não falei pra ele, porque sei as medidas que ele tomaria.