Por Iram Alfaia, especial para o ATUAL
BRASÍLIA – Biólogos e veterinários da Fundação Jardim Zoológico de Brasília comemoraram um mês de nascimento no local de dois filhotes de sauim-de-coleira, conhecidos também como Sauim-de-Manaus, os primeiros da espécie nativa da capital do Amazonas a nascerem em cativeiro no cerrado brasileiro.
Os animais fazem parte de um projeto de conservação que visa repovoar as florestas de Manaus com indivíduos nascidos fora da cidade, hábitat natural da espécie. Por causa do desmatamento sem controle na capital amazonense, o sauim-de-coleira encontra-se no nível mais grave de extinção entre outros animais da fauna brasileira.
Após um resgate na região metropolitana de Manaus, o casal Tucupi e Tacacá, pais da ninhada, foi enviado ao local pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) em maio do ano passado. O nascimento dos filhotes ocorreu no último dia 7 de abril.
“Nós ainda não sabemos o sexo dos animais”, diz entusiasmado Igor Morais, biólogo e assessor de conservação e pesquisa do zoológico. Até agora não houve nenhum contato de tratadores com os sauins. O objetivo é manter o comportamento natural da família para não perturbar os filhotes.
Morais explica que nos 60 anos de existência do zoológico é a primeira vez que eles recebem sauim-de-coleira para cuidar. O passo seguinte é integrar os animais a um projeto nacional e internacional de conservação da espécie que envolve os zoológicos de Bauru e Sorocaba, ambos de São Paulo, e o Centro de Primata do Rio de Janeiro, locais onde já nasceram filhotes da espécie no Brasil.
O primeiro caso de nascimento fora de Manaus foi em 1972 na cidade de Stuttgart, na Alemanha. O programa de conservação ainda existe na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá. “Nós queremos estabelecer esse fluxo de animais para manter a diversidade genética e uma população saudável”, afirma Morais.
Segundo ele, há uma perspectiva que a médio prazo os descendentes desses animais voltem ao seu hábitat original. “Quando o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) considerar prudente o repovoamento de áreas nos selecionamos alguns animais para serem soltos na região de Manaus. Esperemos que no futuro eles ainda existam lá”, provoca.
Reprodução
Para conseguir a reprodução do sauim-de-coleira em pleno cerrado brasileiro, onde as condições climáticas são bem diferente da Amazônia, os profissionais do zoológico de Brasília providenciaram um recinto de aproximadamente 15m² com um microclima mais úmido, usando bastante vegetação para compensar o ambiente seco do local.
Outra preocupação foi colocar vidros na parte frontal do recinto que funciona como uma barreira acústica a fim de garantir mais conforto aos animais. “A gente fez teste com medições de sons. Caso alguém fale alto aqui lá para dentro o som não passa”, afirmar Morais em frente ao local.