MANAUS – A Executiva Estadual do PT afastou o presidente do Diretório Municipal do partido, Vital Melo, por 60 dias até o julgamento dele no Conselho de Ética. No fim deste prazo, o conselho deve julgar um pedido de expulsão de Vital Melo da legenda. Ele é acusado pela Executiva Estadual de desacatar e afrontar decisões e resoluções da direção nacional e da direção estadual durante o processo eleitoral deste ano e de prática de assédio moral contra membros do partido. Vital Melo, contrariando decisão do partido, decidiu apoiar a candidatura de José Melo (Pros), enquanto o PT estava coligado com o PMDB do senador Eduardo Braga.
Vital Melo contesta a decisão e acusa a Executiva Estadual, dirigida por Valdemir Santana, de praticar um golpe político. “É um golpe. Um ato mais político do que técnico. Não tem nenhuma fundamentação jurídica o pedido de afastamento”. De acordo com o presidente municipal, o pedido foi formulado pelo grupo que perdeu a eleição realizada em novembro do ano passado, em que ele foi eleito no primeiro turno. “É um documento frágil com pedido de afastamento e expulsão”, disse Melo.
Além de Vital Melo, a Executiva Estadual enquadrou mais 11 integrantes do PT, entre eles o secretário de Estado de Políticas Públicas junto aos Movimento Sociais (Searp), José Raimundo Souza de Farias. o Zeca do PT; a secretária de Estado do Trabalho, Maria Francinete Correa de Lima; o advogado Joaquim Frazão; o ex-prefeito de Codajás Joel Gomes de Oliveira; e o prefeito de Maués, Pe. Carlos Góes.
A Executiva Estadual decidiu que durante o período de afastamento de Vital Melo, a presidência do Diretório Municipal será exercida pela vice-presidente municipal Luquésia Maria das Dores Paes Lemos. Se confirmada a expulsão ou mantido o afastamento, a Executiva do partido abre nova eleição para a escolha do presidente do diretório de Manaus.
Assédio e eleição
Vital Melo afirma que não praticou assédio moral e diz que apenas demitiu uma funcionária do partido que era da gestão anterior, mas que deixou de comparecer ao trabalho depois que ele assumiu o cargo. “O que houve foi um processo de moralidade, porque o partido não poderia manter o pagamento de uma pessoa que não comparece ao trabalho”, disse.
Sobre o apoio ao governador José Melo, Vital afirma que os membros do partido tinham liberdade para apoiar qualquer candidato a governador, uma vez que o PT não tinha candidatura própria. Ele também argumenta que o PT fazia parte do governo de José Melo e não deixou os cargos que ocupa no Estado.
Recurso
O presidente do Diretório Municipal afirmou que vai recorrer, primeiro, nas instâncias internas do partido para tentar recuperar o cargo, mas promete ir “às últimas consequências” se for necessário. “Se precisar, vou recorrer à Justiça, porque fui afastado por 6 votos a 5. É apenas a decisão de um grupo de 6 pessoas contra a de mais de 2,400 militantes que votaram para me eleger presidente”, disse.
O presidente da Executiva Estadual, Valdemir Santana, afirma que o processo de convocação e julgamento dos “companheiros infiéis” foi realizado a partir da orientação da direção nacional. “Esse é um processo que está acontecendo em todo o Brasil e, o Amazonas não seria diferente”, afirmou Santana.
Em Maués, segundo a Executiva Estadual, o prefeito Carlos Góes apoiou o deputado federal Arthur Bisneto (PSDB), e em Codajás, o Joel Gomes trabalhou para a campanha do deputado estadual Josué Neto (PSD) e do deputado federal Sabino Castelo Branco (PTB). Ambos renegaram apoio aos candidatos do PT, para as duas Casas Legislativas.
Segundo Valdemir Santana, em todos os casos cabem recursos, que serão avaliados pela Executiva Estadual do Partido e pelo Conselho de Ética, Estadual.