Da Redação
MANAUS – No ano passado, 25,3 mil casos de violência doméstica foram registrados em Manaus, a maioria das vítimas é mulher. Elas representam 96,9% das ocorrências nos Distritos Integrados de Polícia Civil. Foram 24.553 queixas entre situações de lesão corporal, difamação, violação de domicílio e outros tipos de ocorrência, segundo dados da SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas).
Os homens registraram 775 denúncias contra agressões praticadas por mulheres. Em comum, ambos os gêneros sofrem majoritariamente com ameaça, injúria e lesão corporal. O levantamento engloba mais de 20 tipos de crimes no ambiente doméstico.
A predominância da violência contra a mulher tem origem histórica, na avaliação da delegada Débora Mafra, da Delegacia Especializada em Crimes Contra a Mulher. Os agressores, na maioria quase absoluta dos casos, são homens. “O agressor subjuga e violenta a mulher querendo demonstrar poder e dominação. Tendo origem na desigualdade física, social, histórica e cultural entre homens e mulheres, elas são submetidas à violência de um agressor pelo machismo histórico”, diz Mafra.
Proteção
Criada em 2006, a Lei 11.340, a chamada Lei Maria da Penha, é considerada um marco no combate à violência contra a mulher por estabelecer a criação de uma ampla rede de proteção e acolhimento às vítimas.
“A lei trouxe diversas políticas públicas que amparam a mulher, como a casa abrigo, lugar para a mulher que está em situação de risco ficar em segurança. No Amazonas, temos o Alerta Mulher, aplicativo idealizado pela Sejusc (Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania) para que as vítimas sejam georeferenciadas e possam chamar a Polícia Militar caso o agressor esteja perto dela”, disse Débora Mafra.
Até junho deste ano, o número de casos de violência doméstica especificamente contra mulheres cresceu 11% na comparação com igual período do ano passado. Foram 13 mil registros. Apesar do número elevado, as autoridades destacam que o acionamento da polícia representa conseguir quebrar um ciclo de violência vivenciada, às vezes, por décadas.
“Geralmente a violência doméstica contra as mulheres está relacionada à relação íntima de afeto, com quem tem ou teve este relacionamento. Existe ainda, infelizmente, muita subnotificação da violência doméstica. Alguns entraves fazem com que elas não denunciem, como vergonha de expor a intimidade, dependência financeira, emocional e a crença de que o parceiro vai mudar”, pontua a delegada da Mulher.