Os efeitos do processo de viciação humana também se revelam nos impactos sobre o meio ambiente e a qualidade de vida.
O viciamento não poupa as pessoas, muito menos os bens naturais do planeta, como também as condições ambientais necessárias à vida de espécies e de populações socialmente diversificadas. A degradação é imposta a todos os seres e ecossistemas.
As iniciativas globais, desde as grandes conferências e declarações internacionais (Estocolmo-1972, Ri0-92, e Rio+20) às campanhas e ações estatais e de ong’s, não tem surtido os efeitos necessários para resguardar certa qualidade ambiental no planeta. As diversas formas de poluição degradam o meio ambiente e, de certo modo, favorecem uma cultura de viciamento humano, o que é muito útil à lógica da degeneração ambiental.
A viciação psíquica, simbólica, comportamental e química do ser humano produz um entorpecimento cognitivo e uma dependência que agrava a situação de degradação ambiental planetária, na medida em que limita o discernimento e a compreensão humana das coisas e dos processos que estão causando graves danos ambientais, inviabilizando a vida de povos socialmente diversificados e a existência de inúmeras espécies.
A diversidade biológica, os ecossistemas, o solo, o ar, a água, dentre outros bens essenciais à vida, apesar das tardias iniciativas sociais e institucionais, não tem sido protegidos o suficiente para manter a vida de espécies nem da diversidade humana na terra.
Há indicadores de degradação e de poluição dos ecossistemas e de recursos ambientais, em especial dos não-renováveis, ainda mais alarmantes, revelando as graves conseqüências geradas pelo modelo de exploração, produção e distribuição econômica, do qual resulta quase sempre o destino inapropriado dos lixões, a exacerbação da pobreza, da miséria, da violência e da criminalidade. Esses processos evidenciam a decadência da qualidade de vida humana e do equilíbrio ambiental planetário num contexto de viciamento humano numa escala sem precedente na história da humanidade.
O viciado, seja qual for o vício ou a dependência, muito comumente contribui para a degradação não apenas do próprio ambiente, mas também do meio daqueles que convivem com ele e freqüentam o seu entorno. O dependente pode impactar, sem dúvida, outros ambientes distintos daquele que costuma freqüentar por conta do vício. E ainda causar inúmeros danos, prejuízos e sofrimentos, inclusive por conta do propósito de sustentar a própria viciação ou dependência. O meio ambiente social, familiar e institucional é afetado.
O processo de viciamento humano agrava o crítico quadro ambiental do planeta, entorpecendo as consciências frente à miséria humana e às corrupções sistêmicas, ao sofrimento e às injustiças sociais. Conduz ao subdesenvolvimento cognitivo e à inércia diante da enorme pressão sobre recursos em vias de escassez e espécies em vias de extinção. A viciação humana fomenta a insensibilidade ambiental, sendo cúmplice da degradação de ecossistemas e de culturas diversificadas, uma vez que o entorpecimento torna as pessoas dependentes, confusas, inertes e precariza o exercício da cidadania.
Por isso, esclarecer, orientar, sensibilizar, conscientizar e contribuir com medidas de combate ao processo de viciamento humano, evitando que tantas pessoas decaiam em vícios e em dependências que as aprisionam em obscurantismos, são ações concretas e relevantes formas de contribuir com a defesa da vida e da qualidade do ambiente planetário.
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