Por Teófilo Benarrós de Mesquita, da Redação
MANAUS – “Essa troca é desnecessária. Uma das empresas fornecedoras é de um parente meu. Para mim não faz diferença nenhuma. Continua errado.”. A afirmação é do vereador Amom Mandel (sem partido), que na manhã desta terça-feira (8) cobrou o presidente e a Mesa Diretora da CMM (Câmara Municipal de Manaus) sobre a troca de mobiliário na casa legislativa.
A empresa a que o parlamentar se referiu, uma das quatro habilitadas no processo licitatório, é a Movenorte Comércio e Representações Ltda, que tem como sócios Raquel Cohen da Silva, Jorge Chalub Pereira, Jorge Chalub Pereira Filho e Delfim de Albuquerque Chalub Pereira.
“Na minha cadeira não tinha nenhum problema. Esse tipo de gasto, desnecessário na minha opinião, é que danifica a imagem desse parlamento. São essas atitudes que geram desconfiança na população”, disse o vereador que ainda questionou a destinação das cadeiras anteriores: “Para onde foram as cadeiras antigas e os móveis antigos? Vão ser doados?”.
De acordo com o parlamentar, “na última gestão, cadeiras novas foram compradas”. Para Amom, “nada justifica” o gasto de mais de R$ 800 mil do dinheiro público com as novas cadeiras. “O que tinha de errado? Na época [da compra anterior] também foram questionadas”. Ele se referia à parte empenhada junto à empesa Movenorte, de R$ 822 mil. As outras três vencedoras da licitação vão dividir R$ 3,9 milhões.
“Não acho correto esse desgaste, provocado pelo presidente da casa e espero um posicionamento para que a gente no mínimo diminua esse tipo de gasto aqui no parlamento “, disse Amom.
Defesa
À frente dos trabalhos, o primeiro vice-presidente da Câmara, Wallace Oliveira (Pros), defendeu o presidente David Reis (Avante) e a Mesa Diretora. “Tudo que foi feito foi dentro de uma necessidade. Eu não fui pesquisar quem fez, quem comprou, quem pagou. Mas vejo sim como uma necessidade”, disse.
Wallace disse ainda que quando entrou na CMM, não havia mobiliário no gabinete que lhe foi destinado. “Há cinco anos quando eu entrei eu não tinha nem mesa. Hoje os móveis que tem no meu gabinete são meus. Eu entendo o presidente. O que foi feito foi feito de uma forma correta e necessária”.
Valendo-se de um exemplo pessoal, Wallace defendeu que deve-se buscar sempre o melhor, o progredir. “Eu tenho um carro de 2018. Eu pretendo comprar um melhor. Eu não vou comprar um inferior”.
Seguindo essa linha de raciocínio, Wallace afirmou que “se a gente tivesse esse pensamento, talvez ainda estivéssemos naquele prédio da Sete de Setembro ou talvez ainda estivéssemos naqueles gabinetes insalubres do corredor. Você entrava ali você passava mal”.
Os gabinetes a que Wallace se referiu ainda existem, nas mesmas condições, servindo como salas de reuniões das comissões técnicas da Câmara. O parlamento funcionava, até 2005, em um prédio antigo na Avenida Sete de Setembro.
Sobre as cadeiras dos vereadores, Wallace disse que a troca foi necessária e justificada. “Aqui nesse plenário tinha muita cadeira sem condições. Cadeiras travadas”. O vice-presidente insinuou que os móveis substituídos serão doados. “Hoje muitas instituições podem ser beneficiadas recebendo esse material que está sendo substituído. Eu já vi isso acontecer em outras legislaturas”.