EDITORIAL
MANAUS – A variante do novo coronavírus na África do Sul causa preocupação ao mundo, não apenas pela descoberta das primeiras pesquisas de que ele tem maior poder de transmissão, mas também porque pode ser mais resistente às vacinas.
Nesta sexta-feira, 29, a Johnson & Johnson, que produz uma vacina de dose única contra a Covid-19 – ainda não aprovada pela agência de regulação de medicamentos dos EUA – , anunciou que a eficácia do imunizante nos Estados Unidos ficou em 72%, mas caiu para 57% na África do Sul, onde a variante do vírus é responsável pela maioria dos contágios.
Estudos preliminares sugerem que essa mutação da cepa do coronavírus identificada na África do Sul também pode resistir a outras vacinas já em uso nos Estados Unidos, como a Pfizer-BioNTech, a Moderna e a Novavax.
No Amazonas, pesquisadores da Fiocruz anunciaram no início deste ano uma nova variante do coronavírus, que arrasou a cidade de Manaus neste início de ano e que se espalha pelo interior do Estado nesta semana com maior velocidade.
Especialistas se apressaram, quando da divulgação da informação sobre o vírus mutante, que as vacinas compradas no Brasil, a Coronavac e a AstraZenec, seriam resiste a essa variante do Amazonas, mas as opiniões tinham baixíssimo grau de confiabilidade pela falta de conhecimento empírico.
Neste campo, as informações mudam a cada dia e a cada pesquisa. As mutações dos vírus também obrigam os cientistas a refazer suas conclusões de tempos em tempos, e de maneira muito rápida.
Nos Estados Unidos, a preocupação é que a demora na imunização do maior número de pessoas possa contribuiu para um alastramento dos casos de infecção pela nova cepa do vírus da África do Sul. O problema é a insuficiência de doses das vacinas disponíveis. A Johnson & Johnson tem previsão para começar a liberar as primeiras doses da sua vacina em abril.
No Brasil, começam a aumentar as preocupações com a disseminação do vírus mutante identificado primeiro no Amazonas. Por isso, neste momento, quanto menos pessoas forem infectadas maiores são as chances de disseminação do vírus.
Por enquanto, não há uma resposta cabal sobre o potencial de resistência do vírus às vacinas, mas os cientistas asseguram que a velocidade com que as variantes do vírus, tanto a do Amazonas quanto a da África do Sul, se espalham é suficiente para levar ao colapso os sistemas de saúde. E quando isso ocorre, é inevitável o aumento do número de mortes pela Covid-19.