Da Folhapress
RIO DE JANEIRO – O varejo interrompeu sete meses seguidos positivos e registrou queda de 0,1% em dezembro em relação a novembro, informou nesta quarta-feira, 12, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No ano, porém, o comércio cresceu 1,8%.
A queda de dezembro veio na contramão da expectativa do mercado, que esperava alta de 0,2% nas vendas do período, além de 3,3% no ano, segundo economistas. O resultado também responde uma polêmica nas vendas de Natal.
A Alshop (Associação dos Lojistas de Shopping) chegou a dizer que as vendas em dezembro tinham registrado alta de 9,5%, o que seria o melhor resultado desde 2014.
O número foi duramente contestado pela Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites). Tito Bessa Jr, presidente do grupo e fundador da rede TNG, chamou de mentiroso o dado da Alshop.
Em resposta, a Alshop negou que os números sobre as vendas de Natal estivessem errados. E informou que o crescimento nominal de 9,5% estava alinhado com entidades do setor, como a própria Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers). Disse que o dado passaria por revisão e que explicaria a metodologia, o que não ocorreu.
Quando a Abrasce divulgou seus dados, apontou crescimento nominal de 3,1%, sem o desconto da inflação.
Apesar da diferença percentual entre as associações, a base de comparação não é a mesma. A Alshop considera o período de 1º a 20 de dezembro. Já a Abrasce contabiliza de 19 a 24 de dezembro. Os valores divulgados pelas entidades são nominais, o que quer dizer que não é descontado o percentual da inflação.
No início de fevereiro, sem explicar a metodologia, a Alshop revisou o valor para 7,5%. A associação afirmou que o período analisado foi entre os dias 1º e 31 de dezembro.
Em novembro, impulsionadas pela Black Friday, as vendas no varejo brasileiro tinham subido 0,6% na comparação com o mês de outubro, que registrou 0,1%. Novembro registrou o patamar mais elevado desde dezembro de 2016.
Na comparação com igual período de 2018, o varejo avançou 2,6% em dezembro, com um maior dinamismo no segundo semestre de 2019 (3,3%), mostrando aceleração com relação ao primeiro (0,6%), na comparação com iguais períodos do ano anterior.
A liberação do FGTS a partir de setembro pode ter contribuído para o desempenho do varejo no segundo semestre, segundo o IBGE.
“A presença de recurso livre adicional, devido à liberação dos saques nas contas do FGTS a partir do mês de setembro, e a melhoria na concessão de crédito à pessoa física são alguns fatores que podem ter influenciado esse resultado no segundo semestre”, disse Isabella Nunes, gerente da pesquisa.
Já o mau resultado de dezembro pode ser creditado ao aumento nos preços das carnes, segundo Nunes, já que o que mais pesou no índice geral foi o recuo de 1,2% em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo. “Essa atividade tem peso de 44% no total do varejo”, explicou a gerente da pesquisa.
No total, outras cinco das atividades restantes pesquisadas pelo IBGE no comércio varejista tiveram taxas negativas na passagem de novembro para dezembro.
Tiveram queda artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,0%); Tecidos, vestuário e calçados (1,0%); Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (10,9%); Combustíveis e lubrificantes (0,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (0,1%).
Por outro lado, dois setores mostraram avanço, suavizando a queda no indicador geral: Móveis e eletrodomésticos (3,4%) e os Livros, jornais, revistas e papelaria (11,6%).