Em tempos de crise econômica e política, como a que estamos vivendo no Brasil, é comum que a depressão, o pessimismo e o desânimo tomem conta de algumas pessoas e assuste a população em geral. Mas, por pior que pareça o cenário nacional, as soluções para a crise política e econômica devem aparecer e ser implementadas. Assim, a discussão que precisamos fazer tem mais a ver com os preços a serem pagos, sacrifícios exigidos da população e como a sociedade brasileira após esse período.
Dessa forma, o aumento de tributos como imposto de renda, contribuições sobre folha de pagamento e combustíveis, além da volta da famigerada CPMF, apresentam-se como soluções apenas para cobrir o rombo nas contas do governo, sacrificando ainda mais o setor produtivo e diminuindo o poder aquisitivo da classe média. A economia não perdoa.
Também, é notório que a máquina pública brasileira é dispendiosa e ineficiente, muito distante de apresentar resultados positivos quando analisamos a relação custo x resultados alcançados. Há urgência não apenas em cortar gastos e cargos comissionados, mas tornar esses gastos mais eficientes e efetivos. Se mesmo com recursos vinculados e obrigatórios, o estado não consegue oferecer saúde e educação públicas de qualidade, algo vai muito mal.
No campo político, o congresso nacional finalizou uma reforma que está mais para remendo mal feito. Acaba com a transparência no financiamento de campanhas, pois permite que empresas doem a políticos sem que seja possível identificar a origem dos recursos e a quem foram doados. Há mais retrocessos: cláusulas que limitam a participação de partidos e candidatos em debates e programas políticos. Estamos regredindo nessa seara.
Assim, não é a crise que assusta, mas a falta de disposição da sociedade para encará-la, discutir e encaminhar as soluções. Para onde foram as multidões que pediam melhorias na saúde, na educação e exigiam mudanças na relação entre a política, o estado e a sociedade. Os mesmo que causaram esse quadro terão capacidade de nos tirar do buraco em que nos meteram? A novela é repetida, mas os protagonistas são os mesmos. O momento é de medo.
O medo só é vencido quando o encaramos. A luta não acaba enquanto não enfrentamos nossos oponentes. Portanto, o medo do fracasso, a crise econômica e o esgotamento do modelo político brasileiro serão superados sim, mas não com omissão e leniência. Os ingredientes para recuperar a confiança e voltar a crescer são conhecidos. Sacrifício, disciplina na economia, criatividade, exigir mudanças radicais nas nossas instituições, representações políticas e judicias. Participação social ativa nas áreas de saúde e educação.
No plano local, exigir dos gestores municipais cortes diretamente proporcionais às necessidades da população. Transporte público, saúde e educação infantil preservadas. Cortes em verbas publicitárias e revisão de contratos de serviços. Em um momento como esse um bom gestor deve se colocar ao lado dos mais necessitados e não de empresários e interesses políticos. De todo esse cenário há uma certeza e um desafio: sairemos da crise, mas qual sociedade queremos estabelecer?