Por Teófilo Benarrós de Mesquita, da Redação
MANAUS – Em processo de recuperação judicial, a Unimed Manaus negocia acordo operacional com a Unimed Nacional para manutenção das redes de clínicas e hospitais a serviço dos clientes. O acordo prevê a cessão temporária da área da Unimed Manaus para a Unimed Nacional pelo período mínimo de 20 anos e depende da aprovação da assembleia geral dos credores.
A mudança foi comunicada em carta aberta aos contratantes do plano de saúde no Amazonas. Se aprovada a parceria, em negociação desde janeiro do ano passado, a Unimed Nacional passa a atuar como operadora do plano de saúde no Amazonas e a Unimed Manaus atuará exclusivamente como prestadora de serviços médicos e hospitalares. A Unimed Nacional não assumirá débitos existentes e obrigações financeiras.
A parceria tem por objetivo “reorganizar, reforçar e garantir a prestação de serviços
de saúde no Amazonas pelo Sistema Unimed, zelando pelos princípios do cooperativismo e
visando a manutenção e expansão do marketshare da marca Unimed no estado”, diz o comunicado conjunto, emitido pelas Unimed’s Nacional e Manaus.
“A operação, além de garantir o fluxo de caixa necessário para o Plano de Recuperação
Judicial da Unimed Manaus, visa a construção de um novo modelo de Governança, que
implementará as melhores práticas na gestão operacional, administrativa e financeira das
companhias, somados à capacidade e capilaridade comercial da Unimed Nacional”, informa a empresa.
Falência e recuperação judicial
Em 10 de dezembro de 2020 o grupo Unimed Manaus protocolou pedido de recuperação judicial em litisconsórcio. O pedido foi aceito oito dias depois. Foi nomeada como administradora judicial a empresa Real Recuperação Judiciais Ltda., representada por Amanda Pimenta Leão.
Um pouco antes, em janeiro de 2018, a Unimed Manaus foi notificada pela ANS (Agência Nacional de Saúde) sobre “graves anomalias administrativas e econômico-financeiras da operadora”. Houve encontro dos diretores da época da Unimed Manaus com representantes da ANS, em Brasília.
Em fevereiro de 2018 foram iniciadas negociações entre a Unimed Manaus e a CNU (Central Nacional Unimed) com a assinatura do Instrumento Particular de Protocolo de Intenções.
Em junho a ANS decretou a alienação da carteira da operadora, que significa a venda ou transferência de uma operadora para outras, do direito de prestar serviços a um determinado grupo de consumidores. A Unimed Manaus recorreu e teve decisão favorável em decisão da 1ª Vara da Justiça Federal, em agosto, com a suspensão dos efeitos da resolução da ANS.
Durante o processo, a Unimed Manaus sofreu dois bloqueios judiciais, em valores de R$ 19,5 milhões. Só então entrou com pedido de recuperação judicial.
Desde 2021 os cooperados receberam apenas 60% de suas produções. A renúncia produziu em 2021, receita de R$ 4 milhões para a Unimed Manaus, convertidos, de acordo com informações do relatório administrativo, ao patrimônio líquido. Ainda assim houve prejuízo de R$ 38.224.160,00, o que aumentou o valor negativo do patrimônio para R$ 33.603.905,00.
De acordo com relatório administrativo de março deste ano, as dívidas trabalhistas e com credores da Unimed Manaus somam mais de R$ 368 milhões, aplicadas correção monetária e juros.