Escrevo estas linhas após o Tribunal Superior Eleitoral julgar e aprovar o registro da Rede Sustentabilidade. Depois de dois anos de espera e muitas batalhas travadas, finalmente comemorarmos essa vitória. O fato é que já éramos um partido, com estatuto, militância e bandeiras, entretanto, nos faltava o reconhecimento legal, as condições jurídicas para filiar nossos membros e participar do processo político eleitoral. Por mais contraditório que fosse, estávamos clandestinos em plena democracia, abrigados democraticamente no PSB.
Essa nova condição, partido político de direito, nos impõe desafios maiores. Ainda que não tenhamos a pretensão de reinventar o processo político, nossa proposta é resignificá-lo, adotando uma postura diferente, não apenas no discurso mas na prática diária. Acreditamos na construção de uma sociedade justa, ambientalmente sustentável e economicamente forte. Longe de serem excludentes, estes três pilares devem caminhar juntos.
Assim, ainda no PSB, levamos essa mensagem nas eleições de 2014 por meio da candidatura de Eduardo Campos e Marina Silva e, posteriormente, com a trágica morte de Eduardo, Marina e Beto Albuquerque tiveram a missão de nos representar.
No Amazonas também aceitamos o desafio de construir um novo caminho. Apresentamos um projeto diferente pautado pela melhoria do gasto público, eficiência da gestão e transparência, sem jamais nos distanciar dos objetivos de justiça social, ambiental e econômica. Perdemos a eleição, mas “perdemos ganhando” e iniciamos um processo rico de experiências positivas, orientado pela relação de honestidade e confiança que se estabeleceu entre a população e nosso discurso de mudança, de renovação da política e da gestão pública. Essa aliança foi aceita por 180 mil pessoas que acreditaram no nosso sonho. Estava claro que a caminhada não parava ali, ao contrário, apenas começava. O reconhecimento legal da Rede Sustentabilidade é mais um passo importante dessa jornada.
A essa altura do campeonato cresce em mim a convicção de que é preciso perseverança para seguir em frente, humildade para ouvir e, acima de tudo, respeito à confiança que a sociedade manauara deposita em nós. Confiança e coerência não se negocia, são valores sociais e afetivos que sustentam famílias, instituições e a própria democracia.
Portanto, vamos continuar dialogando com todos os seguimentos da sociedade, construindo, a partir de uma plataforma de propostas, um projeto político consensual e progressista, em que as pessoas sejam protagonistas e não meros eleitores-expectadores. Esse é o nosso desafio: ser um partido para servir e não para se servir do partido.
Por fim, sinto-me entusiasmado e esperançoso. Filho de pai feirante do Mercado Adolpho Lisboa e mãe doméstica, lutei muito para vencer o preconceito e a exclusão social e econômica. Hoje, ao olhar minha caminhada, sinto orgulho. Porém, ainda sinto uma dor que não é mais minha, e jamais esqueço as dificuldades que pais e mães enfrentam diariamente para cuidar de suas famílias. Por isso, penso que juntos podemos fazer muito mais e alimento o sonho de mudar a vida dos que mais dependem do poder público para ter acesso à saúde, educação, segurança e transporte público dignos. Não desistirei desse sonho. E conto com cada pessoa, cada pai de família, cada jovem, cada manauara que acredita que é possível mudar nossos destinos, que a mudança não morreu, pelo contrário, se aviva forte em cada coração.
Diante de nós, abre-se uma rede de oportunidades. Estamos prontos para seguir em frente, afinal, só existe o se faz!!