“A matemática é a honra do espírito humano”.
Pelo menos assim entendia o filósofo e matemático alemão Wilhelm von Leibiniz, inventor do cálculo, um dos ramos mais revolucionários da matemática. Curiosamente a Alemanha aparece em 10º Lugar no resultado da avaliação de matemática realizada pelo PISA – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes. Nesta mesma avaliação o Brasil fica na 38ª colocação dentre os 44 países avaliados, ficando atrás de países como Chile, México e Costa Rica.
Nas avaliações internas os resultados também não são animadores, o IDEB de 2013, de Matemática, nos revela que somente 1% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental possuem o nível classificado como “Avançado”, ou seja, possuem aprendizado além da expectativa. 10% estão na classificação “Proficiente”, estando aptos a progredir para o ensino médio, preparados para um aprofundamento nos estudos. Tragicamente foi verificado nesta avaliação que 89% dos alunos encontram-se nos níveis: básico ou insuficiente, necessitando o primeiro grupo de reforço e o segundo de recuperação de conteúdo.
Esta semana mais uma pesquisa circulou nas redes sociais, o estudo avaliou pessoas com idade superior a 25 anos em 25 cidades brasileiras, as conclusões tiradas não se distanciam daquelas que emergem do PISA e do IDEB, a maioria dos participantes não conseguem realizar as operações matemáticas mais simples: médias, porcentagens, frações e taxas de juro.
O que aparentemente pode parecer apenas uma questão de afinidade sem grande importância maior tem na verdade uma consequência trágica: a falta de preparo tanto para ingresso no ensino superior quanto no mundo do trabalho.
Nas universidades esta falta de preparo culmina nas elevadas taxas de evasão dos cursos, principalmente aqueles onde a matemática é ferramenta essencial, como é o caso das licenciaturas em Física, Química e Matemática, e das Engenharias.
No mundo do trabalho o reflexo é sentido pela falta das competências mais básicas para que uma pessoa possa desempenhar as funções mais triviais, mas que necessitam da mobilização de algum conhecimento matemático, é caso de cobradores de ônibus, garçons, vendedores, caixas de supermercado, repositores de estoque e até mesmo auxiliares de pedreiro.
Em 2014 a OCDE (organização para cooperação do desenvolvimento econômico) em relatório fez sérias recomendações ao Brasil, a principal passa pelo fato de o sistema educacional brasileiro hoje não contemplar a dimensão do mundo do trabalho e suas demandas. Só para se ter ideia do tamanho da consequência disso é apontado no mesmo relatório que um trabalhador americano chega a ser até 5 vezes mais produtivo que um brasileiro de mesma escolaridade.
Como se pode ver a matemática faz falta, e muita falta, na vida de qualquer ser humano, restringindo oportunidades e limitando os horizontes do pensamento. Portanto, é necessário que se repense o processo ensino-aprendizagem dessa área do conhecimento, e isso passa fundamentalmente pela definição de que ensino de matemática se deseja para a educação básica, e consequentemente que formação inicial de professores devemos ter para isso.
Definido isto, ainda há o desafio de se promover formação continuada para todos os professores brasileiros, levando conhecimento sobre as perspectivas e os objetivos traçados, e fomentando a construção de currículos que integrem a matemática as demais áreas do conhecimento, de forma que ela apresente sentido ao aluno, evitando assim a rejeição tão grande que existe quanto a ela.
Segundo Bob Kaplan, professor da universidade de Harvard, e um dos criadores do círculo da matemática, uma abordagem que incentiva um aprendizado lúdico e interativo com as crianças, o mais importante é nos concentrarmos primeiramente no ensino de matemática nos anos iniciais, sendo assim, deve-se despertar o prazer da invenção desenvolvendo também a autoconfiança da criança. É preciso mostrar que não faz mal cometer erros.