MANAUS – Já faz tempo que o Brasil é o segundo país que mais consome cocaína no mundo. O consumo de maconha não é tão grande, apenas cerca de 2,6% da população consome a cannabis, de acordo com estudo do Instituto Adam Smith, do Reino Unido. Mas a cocaína, essa tem consumo exacerbado, o que deixa o Brasil atrás apenas dos Estados Unidos, de acordo com estudo da Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes, organismo das Nações Unidas.
Mais barata do que na maioria dos países ricos, a cocaína no Brasil é o principal produto comercializado pelas organizações criminosas que aterrorizam o país. Com a venda da droga, os traficantes se armam muito melhor do que as polícia e as Forças Armadas. Enquanto o tráfico era um problema dos morros e das periferias das cidades brasileiras, nunca chamou tanto a atenção da mídia e das autoridades. Mas agora, a ameaça está em todas as camadas sociais.
E a pergunta que não quer calar é: “quem financia o tráfico de drogas?”. Sabe-se que os pobres são usados como isca para atrair “peixes graúdos” ou são cooptados como “soldados do tráfico”. O dinheiro que sai do bolso deles é insuficiente para bancar um negócio milionário. Não é novidade para ninguém, também, que a droga ilícita é consumida abertamente nas classe média e alta.
Com a mudança na legislação, advinda com a Lei de Drogas (Lei 11.343/2006), há quase 12 anos, o usuário passou a ser punido com pena alternativa e não pode mais ser preso em flagrante. Em que pese a legislação não definir critérios objetivos para identificar quem trafica e quem apenas usa, o usuário de drogas goza cada vez mais de regalias que o encorajam a financiar o tráfico, com a desculpa de que o viciado deve ser deslocado do âmbito penal para o âmbito da saúde pública.
No entanto, apenas aqueles usuários que chegam ao fundo do poço assumem sua condição, muitas vezes por iniciativa da família. A maioria se esconde sob o manto do anonimato e simplesmente consome sem se importar com os efeitos do seu vício à sociedade; sem a consciência de que esta colaborando para fortalecer as organizações criminosas.
Esses usuários não estão à margem da sociedade. Não são marginais. Têm CPF, endereço e profissão. São pessoas acima de qualquer suspeita, de todas as camadas sociais. Para a maioria, usar drogas é apenas uma forma de extravasar. São, muitas vezes, as vítimas da violência gerada a partir do tráfico de drogas.
Portanto, às vezes os mesmos que criticam as autoridades pelo aumento do poder das organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas são os que financiam essas organizações. Porque a única forma do tráfico ganhar dinheiro é com a venda da droga traficada.