Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – Na avaliação do cientista político Afrânio Soares, a tradicional divulgação em panfletos e santinhos tende a ser proibida nas eleições. Com a maior abrangência e possibilidade de segmentação de público, o impulsionamento nas redes sociais ganhou espaço nas estratégias de divulgação dos candidatos a prefeito de Manaus.
No site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é possível conferir que, com exceção de Marcelo Amil (PCdoB), os outros dez candidatos a prefeito de Manaus investiram no impulsionamento nas redes sociais, com valores que variaram entre R$ 500 e R$ 290 mil.
De acordo com Soares, os candidatos já estão migrando para a publicidade virtual. “Já se tem muito mais, isso não faz muito tempo, presença da campanha nas redes sociais, internet, no próprio Whatsapp, enfim, nos meios de comunicação social voltados para as mídias sociais do que no papel”, afirma.
Para o analista, a própria legislação se direciona para esse caminho. “Hoje não pode colocar mais cartazes na cidade. Antes você via muros coalhados de cartazes, a legislação impede isso. A legislação permite você adesivar carros. Mas a proporção é muito baixa perante a presença dos candidatos na internet”, diz. “Eu acho que a própria legislação vai chegar um momento que ela vai dizer assim ‘candidato é proibido de fazer santinho em papel, você pode fazer o seu santinho virtual’”.
Vantagens da internet
De acordo com Soares, a internet tem menos obstáculos. “A internet hoje está bem mais consistente, bem mais abrangente, isso é fato. O papel você sempre vai precisar de pessoas que façam a função de distribuidores. E precisa de muitas pessoas para chegar a muitos lugares”, diz.
As chances de atingir eleitores em potencial também é maior pelas redes sociais. “Você compra um impulsionamento de 40 mil nomes, mas quem são esses 40 mil perfis que você quer impulsionar? Ah, eu quero mais mulheres, quero só mulheres, só homens, só jovens, só pessoas que moram em Manaus no bairro tal, por aí vai”, afirma.
O analista afirma que os candidatos ainda apostam nas alternativas tradicionais, mas em menor proporção. Segundo Soares, gasto com impulsionamento foi uma tendência desde candidatos a vereador a prefeito. “Na minha opinião os candidatos apostam um pouco em cada opção, não descartam as opções de comunicação. Mas há uma inclinação para a compra de impulso em rede social”, diz.
Soares cita a comum estratégia de espalhar santinhos próximo às escolas no dia do pleito, considerada ilegal. Para ele, mesmo essa artimanha não traz muitos resultados, apenas “marca território” e é “mais por tradição”. “Para vereador isso até pode ter algum impacto, nunca é um impacto decisivo, sinceramente”, diz.
Na visão de Soares, a distribuição dos panfletos antes do dia da eleição pode atrair eleitores, mas não em grande escala. “Talvez isso seja um impulsionador no seguinte sentido, recebe o panfleto e vai pesquisar sobre o candidato”, afirma.
Impulsionamento dos candidatos
Em consulta ao site do TSE consta que até segunda-feira, 9, Alfredo Nascimento (PL) era o que mais tinha gastado com impulsionamento de conteúdo, R$ 290 mil no total. Em segundo vem David Almeida (Avante), com R$ 100,4 mil. E em terceiro estão Ricardo Nicolau (PSD) e Amazonino Mendes (Podemos), com R$ 100 mil em gastos.
Os demais foram Romero Reis (Novo), R$ 50 mil; Capitão Alberto Neto (Republicanos), R$ 29 mil; José Ricardo (PT), R$ 21,7 mil; Coronel Menezes (Patriota), R$ 12,2 mil; Chico Preto (DC), R$ 5 mil; e Gilberto Vasconcelos (PSTU), R$ 500.
Romero Reis investiu ainda R$ 9 mil na criação e inclusão de páginas na internet e o Capitão Alberto Neto, R$ 35 mil.