Do Estadão Conteúdo
BRASÍLIA – Depois de um encontro do ministro da Justiça, Torquato Jardim, com o presidente Michel Temer, e com o delegado Fernando Segóvia a pasta emitiu uma nota confirmando a troca no comando da Polícia Federal. No texto, há agradecimentos ao agora ex-diretor Leandro Daiello.
“O Ministério da Justiça comunica que o senhor Presidente da República escolheu nomear o Delegado Fernando Segóvia como novo diretor-geral do Departamento de Polícia Federal. Nesta mesma oportunidade, o ministro da Justiça expressa ao Delegado Leandro Daiello seu agradecimento pessoal e institucional pela competente e admirável administração da Polícia Federal nos últimos seis anos e dez meses”, diz o comunicado.
A decisão e o anúncio da troca no comando da PF foram antecipados pela colunista do jornal O Estado de S. Paulo, Eliane Cantanhêde.
A nota traz ainda um breve currículo do novo comandando da PF. “Segóvia é advogado formado pela Universidade de Brasília, com experiência de 22 anos na carreira. Foi superintendente regional da PF no Maranhão e adido policial na República da África do Sul tendo exercido parcela importante de sua carreira em diferentes funções de inteligência nas fronteiras do Brasil.”
Torquato e Segóvia estiveram com o presidente na tarde desta quarta-feira, 8, no Palácio do Planalto. Havia a expectativa de uma coletiva para anunciar a troca, mas depois da reunião ficou definido que Torquato escolheria o formato do anúncio. Minutos depois a assessoria do ministério divulgou a nota oficial.
‘Temeridade’
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) classificou como uma “temeridade” a nomeação do delegado Fernando Segóvia ao cargo de diretor-geral da Polícia Federal (PF), no lugar de Leandro Daiello, anunciada nesta quarta-feira, 8. “Acho que, enquanto estiverem em curso operações como a Lava Jato e outras que envolvem a elite econômica do País, não devem haver mudanças bruscas no comando da PF”, opinou Randolfe.
Para o senador, a mudança pode “comprometer a autonomia de investigação da PF”. “Acho essa decisão claramente política e contra qualquer investigação, é uma temeridade”, comentou. Ele estranhou que a mudança tenha acontecido após o presidente Michel Temer barrar as duas denúncias contra ele na Câmara dos Deputados, baseadas em inquéritos da PF.
A saída de Daiello vem sendo negociada desde a época do ainda ministro Alexandre de Moraes, porque ele se dizia cansado, sob pressão da família e com a sensação de que já fez tudo o que tinha de fazer à frente do cargo. Há dois meses, o então diretor-geral pediu para deixar a função, mas mudou de ideia para evitar que um nome ligado a políticos ocupasse a cadeira de diretor-geral.
Como revelou a Coluna do Estadão, o nome de Segóvia foi indicado ao presidente Michel Temer pelo ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. O novo diretor-geral da PF é próximo do ex-senador José Sarney – ele foi superintendente da PF no Maranhão – e do ministro do TCU Augusto Nardes, que o apresentou a Padilha. Segóvia possui experiência em inteligência de fronteiras, questão considerada prioritária pelo governo no combate ao crime organizado.