Do ATUAL
MANAUS – A conselheira Yara Lins dos Santos, eleita presidente do TCE-AM (Tribunal de Contas do Estado) no dia 3 deste mês, denunciou na Polícia Civil nesta sexta-feira (6) o conselheiro Ari Moutinho Júnior por agressão verbal e ameaça, no dia da eleição. Ela cobrou justiça das autoridades.
De acordo com Yara Lins, ela foi xingada pelo colega de “safada”, “puta” e “vadia” momentos antes do início da votação para a escolha dos membros da direção do TCE para o biênio 2024-2025. Ainda segundo a conselheira, Ari Moutinho Júnior prometeu “f*der” a carreira dela por ter influência na PGR (Procuradoria Geral da República).
As ofensas e ameaça sofridas foram reveladas em entrevista coletiva na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil do Amazonas, onde Yara Lins apresentou a denúncia contra Ari Moutinho Júnior, que é o atual corregedor-geral da Corte de Contas. Ele não conseguiu ser eleito para nenhum cargo da nova Mesa Diretora.
“Neste momento, não está aqui a conselheira. Está aqui uma mulher. Uma mulher que foi covardemente agredida no Tribunal de Contas. Dentro do plenário, antes da eleição para me desestabilizar. Quando estava no plenário, eu, o conselheiro [Luis] Fabian, conselheiro Ari [Moutinho Júnior] e vários assessores. Eu fui cumprimentar o conselheiro Ari e disse ‘bom dia’. Ele disse: ‘Bom dia nada! Safada, puta, vadia’”.
Yara Lins afirmou que Ari Moutinho a ameaçou dizendo “eu vou te f*der” e que acionaria a PGR, por intermédio da subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, confiando em uma intervenção do STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra a nova presidente da Corte.
“Eu acredito na justiça de Deus, na imprensa do meu estado e nas autoridades do meu estado e do Brasil. Eu peço justiça porque sou a única mulher conselheira do Tribunal [de Conta do Amazonas] e represento as servidoras da minha instituição. Eu relutei muito em fazer aqui [na Delegacia Geral da PC-AM] essa denúncia, mas eu não poderia me acovardar como muitas [mulheres] por ameaças. Eu não aceito ameaças, quero que a Justiça puna o agressor para que acabe a violência contra as mulheres”, disse a conselheira.
Na coletiva na PC-AM, Yara Lins estava acompanhada do filho, o deputado federal Fausto Santos Júnior (União Brasil), da irmã e vereadora Yomara Lins (PRTB), dos conselheiros Luis Fabian, vice-presidente eleito da Corte, e Josué Neto, que assumirá o cargo de Ari Moutinho na corregedoria, e da sua advogada.
Crimes
A advogada Catharina de Souza Cruz Estrela, que defende a conselheira Yara Lins, afirmou que o conselheiro Ari Moutinho Júnior incorreu em pelo menos três crimes: injúria, ameaça e tentativa de tráfico de influência.
A injúria, segundo a advogada, foi praticada quando Ari Moutinho Júnior desferiu xingamentos à conselheira que estava no exercício da função. A ameaça, por ele dizer que vai “f*der” a colega. E tráfico de influência, por dizer que vai atuar junto à Procuradoria Geral da República para que investigue a conselheira, com o objetivo de cumprir a ameaça.
“É assustador, enquanto mulher, saber que ainda as mulheres em espaço de poder são agredidas tão somente por serem mulher. Porque as agressões foram dirigidas à doutora Yara com esta finalidade. Até um beijo, de forma irônica ele manda a ela”, disse a advogada.
Outro lado
A reportagem do ATUAL enviou mensagens ao conselheiro Ari Moutinho Júnior a respeito do episódio, mas até o fechamento desta matéria ele não respondeu.