Por Felipe Campinas e Iolanda Ventura, do ATUAL
MANAUS – A suspensão do serviço de transporte de passageiros em motocicletas oferecido por plataformas de aplicativos em Manaus gerou protesto da categoria nesta sexta-feira (3). Motociclistas se reúnem na frente da prefeitura, na zona oeste da capital, e na frente da sede do IMMU (Instituto Municipal de Mobilidade Urbana), na zona sul.
Ontem, fiscais de trânsito apreenderam motos no Centro de Manaus, sob alegação de que o serviço é proibido e, por isso, não pode ser prestado na capital. Em vídeo que repercutiu nas redes sociais, um fiscal diz a um trabalhador que o “transporte por aplicativo só pode ser realizado sobre quatro rodas, e não sobre duas rodas”.
Motociclistas ouvidos pelo ATUAL reclamaram da ação da prefeitura e pediram auxílio para regularizar o serviço. “Lá na frente da Bemol apreenderam várias motos de parceiros nossos. Não teve nenhuma nota, não teve nenhum decreto da prefeitura, nada informando pra gente. Aqui tem centenas de pais de famílias que foram pegos de surpresa”, disse o motociclista Ricardo Goes.
“A gente não vai baixar a cabeça, não vai deixar eles fazerem o que querem, até porque muitos aqui só têm essa forma de trabalho, só tem essa forma de ganhar o pão, o sustento da vida. Então, vai tirar isso da gente? Eles não vão conseguir porque a gente não vai deixar. A gente só quer trabalhar. Se a gente precisar fazer protesto, a gente vai fazer”, completou Ricardo.
Na noite desta quinta-feira, a Prefeitura de Manaus informou que o serviço prestado por motocicletas é irregular, mas que não promove, por enquanto, nenhuma campanha de fiscalização para cumprir a lei. “Qualquer caso do gênero é analisado cuidadosamente pelo órgão”, informou a prefeitura, em nota.
Sem apresentar dados, a prefeitura disse que o número de acidentes envolvendo motociclistas na capital amazonense é elevado, sendo a “maioria dos casos”. A prefeitura também comunicou que trabalha para propor medidas que garantam a exploração desse tipo de serviço “priorizando a integridade física de todos: condutores, passageiros e pedestres”.
Nesta sexta-feira, após a manifestação ganhar volume em frente ao IMMU, uma comissão formada por motociclistas se reuniu com o diretor do órgão, Paulo Henrique Martins, para tratar sobre o tema. Do lado de fora, enquanto manifestantes aguardavam o fim da negociação, duas viaturas da Polícia Militar chegaram no local para acompanhar a mobilização.
O diretor de transportes do instituto, Edinaldo Castro, informou aos manifestantes que, por enquanto, a fiscalização do serviço está suspensa e esclareceu que as apreensões de duas motos ontem ocorreram porque os motociclistas não tinham habilitação. “Até que seja feito um acerto com as plataformas, a fiscalização desse modal de transporte estará suspensa”, disse Castro.
A situação em Manaus ocorre dias após as plataformas de aplicativos suspenderem o serviço na cidade de São Paulo por falta de regulamentação. Para os manifestantes reunidos na frente da sede do IMMU, a ação repentina da prefeitura nesta quinta-feira considera esse imbróglio na capital paulista, mas ignora a realidade local.
“Essa mudança repentina veio de São Paulo e Rio de Janeiro, onde não existe mototáxi. Mas aqui temos a profissão de mototáxi. O Detran tem que regularizar esse pessoal, tem que dar curso para esse pessoal se especializar”, disse Alexandre Matias, presidente da Ameap-AM (Associação dos Motoristas e Entregadores por Aplicativo do Amazonas).
(Colaborou Murilo Rodrigues)
Descaso, as pessoas não podem mas sustentar a própria família, querem botar o povo para viver de assistencialismo de porcaria de governo.