Da Redação
MANAUS – O Decreto n° 9.660, assinado nessa terça-feira, 1°, pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que vincula a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) ao Ministério da Economia, divide os empresários da indústria no Amazonas.
De um lado, o presidente do Cieam (Centro das Indústrias do Estado do Amazonas), Wilson Périco, disse que vê a mudança com “bons olhos”. Por outro, o presidente do Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antônio Silva, afirmou que a medida causa preocupação.
A Suframa era vinculada ao Mdic (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) desde 2016. Com a decisão, a autarquia federal e outras 22 entidades passaram a fazer parte do ministério comandado pelo economista Paulo Guedes.
Esperança e preocupação
De acordo com Wilson Périco, no Mdic a Suframa não tinha a autonomia necessária para desenvolver as suas atividades econômicas. O empresário exemplificou as dificuldades citando a lentidão no processo de aprovação dos PPBs (Processo Produtivo Básico), o que impedia a atração de novos investimentos à ZFM.
“Essa medida de criar um ministério onde toda atividade econômica do país seja interligada sob uma linha de pensamento, eu vejo com bons olhos e com muito otimismo, principalmente para a nossa região”, disse Wilson Périco.
Questionado sobre as riscos de redução de incentivos e renúncias fiscais, o empresário afirmou que as propostas anunciadas por Paulo Guedes não se referem a Zona Franca, mas a outros segmentos como o automobilístico, autopeças e informática. Ele também afirmou que as mudanças nos incentivos da ZFM só poderão ser feitas a partir da Constituição Federal.
Diferente de Wilson Périco, o presidente da Fieam, Antônio Silva, afirmou que está preocupado com as propostas do Governo Bolsonaro de reduzir e mexer em incentivos fiscais. Entretanto, Silva reafirmou o que disse Wilson Périco sobre as mudanças a partir da Constituição Federal.
“Eu acho que ele (Paulo Guedes) tem que ter um melhor conhecimento sobre o nosso modelo, como nós atuamos. Uma vez que renúncia fiscal não é a mesma coisa que incentivo fiscal. Primeiro, ele tem que entender o que é renúncia e o que é incentivo. De forma que nós estamos atentos, estamos preocupados, sim”, afirmou o presidente do Fieam.
Antônio Silva também disse que já conversou com generais que compõem o novo governo, entre eles o general Augusto Heleno, que agora é ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional. “Já fizemos chegar aos generais a nossa preocupação, generais este que compõem o governo federal e que conhecem muito bem a nossa Zona Franca de Manaus, o nosso modelo de desenvolvimento, porque já atuaram aqui no Comando Militar da Amazônia, especificamente, como é o caso do general Heleno”, disse Antônio Silva.
Remédios amargos
Para o Wilson Périco, “o país está doente e serão necessários remédios amargos para curar essa doença”. A afirmação se refere aos sacrifícios que poderão ser feitos pelas empresas a partir das mudanças do novo governo.
“Esses remédios vão curar a vida de todo mundo. E nós temos que ter a resiliência par tomar esse remédio com a esperança de ser um país saudável amanhã. Para isso, nós temos que aceitar algumas mudanças que possam vir na certeza de ter um futuro melhor. O que não pode acontecer é como nós estávamos, sem conseguir a atração de novos investimentos”, disse o empresário.