MANAUS – Desde o início da pandemia de coronavírus no Amazonas, a FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) orientou que os pacientes só procurassem uma unidade de saúde se estivesse com sintomas graves da doença. Essa orientação tinha dois motivos: racionalizar os testes e testar apenas quem realmente tinha fortes sinais da doença e evitar a ocupação de leitos com quem poderia se tratar em casa.
O problema é que os casos leves da doença deixaram de ser identificados e, portanto, não entraram nas estatísticas da FVS para Covid-19. Seguindo a orientação das autoridades de saúde, a grande maioria encarou a doença como uma gripe comum e só passou a procurar uma unidade de saúde quando não conseguia mais respirar sem a ajuda de aparelhos.
Nesta semana, os números reais da pandemia de coronavírus começaram a aparecer nos cemitérios de Manaus. As filas de carros de funerárias, a abertura de valas comuns para enterro dos mortos assustaram os manauaras, o Brasil e o mundo. As pessoas começaram a morrer em casa, sem assistência.
Nem todos, certamente, morreram de Covid-19. Mas como não há teste suficiente para todos, até hoje, nunca vamos saber quantos realmente morreram acometidos da doença.
Portanto, a esta altura dos acontecimentos, os números de casos notificados e de mortos, divulgados oficialmente, não fazem mais nenhum sentido. Famílias inteiras contraíram o coronavírus e seus membros não desenvolveram a doença com gravidade, portanto, não entraram para o relatório diário. Assim como as mortes em casa.
Esse é o cenário real do coronavírus no Amazonas e, principalmente, em Manaus. Felizmente, a maioria está se curando da doença.