Da Redação
SÃO PAULO – Levantamento feito pela Fundação Lemann, com base nos dados disponíveis pelo Censo 2020 e pelo Medidor Simet, mostra que apenas 3,2% das escolas do Brasil cadastradas nesta plataforma têm velocidade adequada, em padrão internacional, para oferecer aulas on-line. O Simet é considerado um dos melhores instrumentos internacionais para identificar em quais unidades de ensino alunos e professores ainda necessitam de acesso à internet de qualidade.
Com o medidor instalado, é possível ter um melhor diagnóstico da situação das escolas no país e formular soluções que aumentem o número de unidades conectadas com a velocidade de internet adequada. Contudo, o Simet está presente em apenas 27 mil das mais de 140 mil escolas públicas do país, atualmente. Isso significa que não há informações públicas sobre a qualidade da internet da maioria das escolas, que pode ser ainda pior em mais de 80% das unidades de ensino brasileiras.
Os dados colhidos pelo Simet são públicos e registrados em um Mapa Nacional de Conectividade, onde secretários e diretores podem consultar os dados de velocidade e outras informações sobre a internet da sua escola.
De acordo com o Censo 2020, 75% possuem conexão à internet, contudo, a velocidade que chega nas escolas, segundo o Medidor Simet, é de 17 Megabits por segundo (mbps). Isso é insuficiente para a retomada das aulas em modelo híbrido.
Por exemplo, para que um professor possa fazer uma chamada de vídeo com metade dos alunos que ficou em casa será necessário mais de 100 Megabits. Nos Estados Unidos, o padrão atual é de 1mpbs por aluno, mas no Brasil apenas 904 escolas das 27.541 que estão no medidor têm essa velocidade hoje em dia (3,2%).
A situação é tão crítica que, mesmo se considerarmos os padrões atuais brasileiros, a internet ainda assim é insuficiente. O FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) define a velocidade adequada de acordo com o tamanho da escola. Ainda assim, apenas 5.425 das 27.541 escolas no medidor têm a velocidade adequada (19,6%).
Também chama atenção as escolas do Norte e Nordeste e escolas rurais. A mediana de velocidade chega a 22.32 Mbps no Sul, mas se limita a 9.34, no Norte. A mediana de velocidade também é distinta para escolas rurais e urbanas. Para as urbanas chega a 20.26, enquanto para as rurais é de 8.34.
Internet, ensino e pandemia
Em 2020, houve uma ruptura nas práticas de ensino e aprendizagem e toda forma de contato entre professores e estudantes precisou de outros meios para acontecer, sobretudo com a ajuda da internet. Com a retomada das aulas em um modelo híbrido, os professores precisarão encontrar a escola conectada para conseguir atender os alunos que estão em casa também.
Uma pesquisa encomendada pela Fundação Lemann ao Datafolha ouviu professores de todo país e mostrou que eles também consideram a internet das suas escolas inadequada e 73% dos educadores disseram que, mesmo após a pandemia, vão utilizar mais tecnologia no ensino do que usavam antes.
Veja o Resumo Executivo com os dados.