Chamamos de sistema o conjunto das instituições econômicas, morais e políticas de uma sociedade, a que os indivíduos se subordinam, de forma que, quando tais instituições estão contaminadas, o sistema passa a ser um câncer. Como bem descrito pelo personagem Capitão Nascimento no filme “Tropa de Elite”: “O sistema entrega a mão pra salvar o braço. O sistema se reorganiza, articula novos interesses, cria novas lideranças. Enquanto as condições de existência do sistema estiverem aí, ele vai resistir. Agora me responda uma coisa, quem você acha que sustenta tudo isso? É… E custa caro. Muito caro. O sistema é muito maior do que eu pensava. Não é à toa que os traficantes, os policiais e os milicianos matam tanta gente nas favelas. Não é à toa que existem as favelas. Não é à toa que acontece tanto escândalo em Brasília e que entra Governo, sai Governo, a corrupção continua. Pra mudar as coisas vai demorar muito tempo!”
Com as mudanças políticas recentes, acreditamos que esse tempo chegou, ou alguém consegue imaginar, no cenário atual, um político fazendo o seu usual “toma lá, dá cá” com um Ministro formado na carreira militar, que têm como valores o patriotismo, o civismo, amor à profissão, espírito de corpo. Tais mudanças devem servir de parâmetro para que os governantes estaduais promovam a ruptura com o sistema antigo de gestão dos recursos públicos.
O momento que se inicia é de reconstrução e quem não estiver com esse espírito para governar estará fadado ao fracasso, já que a população não aceitará mais, com facilidade, as práticas imorais antes praticadas por alguns.
Os problemas devem ser enfrentados sem amadorismo, porque não há mais tempo nem espaço para isso. Um exemplo dos prejuízos causados pela incompetência pública: os custos com a falta de segurança para o Brasil representam 5,5% do PIB, ou seja, 365 bilhões de reais por ano, quando contabilizadas as perdas de vida humana, os custos com seguros e segurança privada, e os custos com o sistema prisional e com a segurança pública. Dinheiro que faz falta em outras áreas!
Na educação, o baixo grau de escolaridade dos brasileiros traz consequência direta na capacidade de os trabalhadores interagirem com as novas tecnologias e métodos de produção, o que prejudica diretamente a produtividade, o crescimento e a competitividade.
Em relação ao meio ambiente, no Brasil, que possui a maior diversidade biológica do mundo, cerca de vinte por cento do total de espécies do planeta encontradas na terra e água. O desafio do próximo governante será transformar essa riqueza em resultados para os cidadãos, de forma equilibrada e sustentável.
No Amazonas, em especial, a forma de o “sistema” operar custou-nos caro demais. Entre muitos exemplos, o DHYPERLINK “https://bncamazonas.com.br/poder/industria-de-concentrados-de-refrigerantes-esta-sob-ameaca-no-amazonas/”ecreto 9.394, de maio deste ano, assinado pelo Presidente da República, Michel Temer (MDB), reduzindo a alíquota do IPI (Imposto de Produtos Industrializados) de 20% para 4%, é resultado, entre outras fatores, da falta de segurança jurídica combinada com a falta de união das entidades de classe, a falta de comprometimento dos representantes eleitos, a falta de preparo técnico em áreas estratégicas. Mesmo a medida que repôs parte desse benefício às empresas não foi capaz de manter a fábrica de refrigerantes Pepsi Industrial da Amazônia no Distrito Industrial de Manaus, saída confirmada pela Empresa, segundo o “site” do Valor Econômico. O sentimento que se experimenta mais uma vez é o de incompetência, impotência e vergonha.
E quem sustenta essa farra? Embora difícil de quantificar, podemos imaginar a engrenagem e inferir que a estrutura e o funcionamento do Sistema custam caro a todos nós. O sistema é maior do que se possa imaginar e suas ramificações são imponderáveis, mas nosso tempo é agora, ou será nunca mais.
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