Por Felipe Campinas e Marcelo Moreira, do ATUAL
MANAUS – A presidente do Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas), Ana Cristina Rodrigues, classificou o posicionamento do governador Wilson Lima de “chateação” por ser chamado de autoritário. De ontem pra hoje, a proposta de reajuste salarial aos servidores da Seduc (Secretaria de Educação do Amazonas) caiu de 15,19% escalonado para 8%.
“Estávamos certos de que isso era um ponto pacífico, pois perguntamos várias vezes se era o percentual final do governo (15,19% escalonado) e o chefe da Casa Civil, diante de deputados, disse que sim. Pedimos um documento, mas disseram que não havia necessidade porque as pessoas que estavam ali iriam dar credibilidade à proposta”, afirmou Ana Cristina.
“Entretanto, fomos para a nossa base, inclusive, passamos a informação, defendemos, mas também dissemos a verdade, que era um governo de certa forma ditador e autoritário e que era aquilo ou nada. Talvez isso tenha magoado o Governo do Estado, o que é muito ruim para um chefe de Estado, para um homem político”, completou a presidente do Sinteam.
Na manhã desta quinta-feira (1), em entrevista na sede do governo em Manaus, Lima anunciou que concederá reajuste de 8% aos professores, retroativo a março deste ano, e, sem citar nomes, declarou que grupos políticos utilizam professores como “massa de manobra” para a eleição. Para Ana Cristina, o posicionamento do governador foi uma resposta às críticas contra ele.
“Ele não pode se dar ao luxo de se melindrar porque os trabalhadores resolveram extravasar depois de muito tempo do massacre que sofrem por ter seus salários achatados”, disse Rodrigues. “Se ontem eu me expressei em relação ao autoritarismo, eu acho que não estava errada. Ameaçar os trabalhadores de retirar a fonte de renda não tem outro nome”, completou.
A medida anunciada pelo governador nesta quinta-feira é diferente da proposta que o sindicato alega ter recebido na quarta-feira. Segundo o Sinteam, o governo havia oferecido 15,19% de reajuste, mas escalonado, sendo 8% de imediato, outros 3% em outubro deste ano e o restante (4,19%) só em maio de 2024. Essa proposta seria votada em assembleia nesta sexta-feira.
A decisão do governador anunciada nesta quinta-feira é de reajuste de apenas 8%, com pagamento retroativo a março deste ano. Ele também garantiu outros benefícios, como o aumento de 18,42% do valor do auxílio-transporte, saindo de R$ 167,20 para R$ 198, e duas mil progressões verticais para professores e pedagogos da rede estadual de ensino.
Ao anunciar a decisão, Lima disse: “O que percebemos foi um movimento político desse grupo que se diz representar os professores. Todos que fazem parte desse movimento estão ligados a político-partidários. Quanto mais tempo prolongar a paralisação, mais tempo na mídia. Tudo bem promover a imagem deles, o que não podemos é prejudicar os alunos”, disse o governador.
Ana Cristina rebateu: “A única coisa que nós podemos estar associando a essa fala é o fato de eu ter sido candidata para deputada estadual. Mas é um direito meu, legítimo. Inclusive, ele foi candidato, qualquer cidadão ligado a um partido pode fazer isso. Mas também não é direito dele estar com inverdades dizendo que estamos usando movimento para isso”, afirmou.
O Sinteam vai realizar uma assembleia nesta sexta-feira (2) para decidir os rumos da mobilização. “Vamos estar amanhã em assembleia decidindo com a categoria os rumos. Amanhã não tem o que apresentar. (…) O que tem que apresentar amanhã é só a continuidade ou não da greve”, afirmou Ana Cristina.
Espero que a greve dos professores seja um momento de reflexão e aprendizado. De entender que dentro do sindicato deve prevalecer o objetivo da greve que é a valorização profissional e que o desentendimento entre os sócios, só enfraquece a categoria. A UNIAO FAZ A FORÇA um antigo ditado popular que pode nos ajudar a fortalecer a nossa categoria.