Por Iolanda Ventura, da Redação
MANAUS – O Sinteam (Sindicato dos Trabalhadores em Educação) entregou nesta segunda-feira, 29, um estudo que, de acordo com a direção, comprova a perda do poder de compra dos professores. O Boletim de Subsídio de Negociação Salarial do Sinteam diz que houve perdas financeiras de 10,6% derivadas da aplicação dos reajustes, em forma de escalonamento, relativos às datas base de 2015 a 2018.
A entrega do documento ocorreu após caminhada que saiu da Prefeitura de Manaus e foi até à sede do Governo, no bairro Compensa, zona oeste. A categoria está em greve desde o último dia 15 e reivindica um reajuste de 15%.
Na última terça-feira, 23, o vice-governador Carlos Almeida disse que só pode conceder 3,93%, mas afirmou que, caso fosse constatado que há resquícios do reajuste de anos anteriores, havia a possibilidade de solicitar à Assembleia Legislativa autorização para aumentar o percentual para a classe.
Até o momento, o governo alega estar impossibilitado de conceder mais que 3,93% por impedimento da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).
No ato, professores das redes estadual e municipal foram convocados a suspender as atividades a partir de hoje e a aderir ao movimento da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação. A presidente do Sinteam, Ana Cristina Rodrigues, pediu 48h para a retomada da mesa de negociação.
Estudo
Segundo o Sinteam, o reajuste salarial de 2019 apontou que há uma diferença de 0,81% referente ao período de março de 2018 a fevereiro de 2019, que deve ser somado aos 3,89%, percentual da inflação para o período, de acordo com o IPCA, índice utilizado para as negociações salariais dos trabalhadores na educação do Amazonas.
O estudo aponta também uma diferença de 10,6% como resquícios do escalonamento dos 24,91% de reajuste referentes ao período de 2015 a 2018, em que a categoria ficou sem aumento salarial. O escalonamento foi proposto pelo governo Amazonino Mendes, no ano passado, e aprovado pela Assembleia Legislativa do Amazonas.
Em 2018, depois de 16 dias de greve, servidores da rede estadual de ensino receberam a reposição da inflação em três parcelas: uma de 7,41% em março de 2018, 8,12% em setembro de 2018 e 9,38% em janeiro deste ano, totalizando um reajuste total de 27,02% ao final do período.
De acordo com o sindicato, se forem consideradas as perdas salariais referentes à data-base de 2019, medidas pelo IPCA-IBGE, que foram de 3,89% e, a elas, adicionar cumulativamente o residual de 0,81% de diferença, chega-se a um montante de 4,73%, necessários para recuperar as perdas salariais da inflação.
Diferença de 10,6%
Os 10,6% vêm do escalonamento. “Se os 24,91% fossem pagos em uma vez, no mês de março de 2018, não haveria essa diferença. Como foi parcelado, a inflação recai sobre os meses em que o reajuste não foi pago”, explicou a presidente do Sinteam, Ana Cristina Rodrigues.
Segundo o estudo, se fosse pago em março integralmente os 24,91%, o salário do professor de 40h seria de R$ 4.152,90. Como somente foram pagos 7,41% a partir de março, esse valor ficou em R$ 3.511,76 até agosto. De agosto até dezembro, aplicado o percentual de 8,12%, pago em agosto, o salário foi para R$ 3.796,91. Com o reajuste de 9,38% pago em janeiro deste ano, o salário foi para R$ 4.153,06.
A soma de 12 meses de salário de R$ 4.152,90 é igual a R$ 49.834,80. Com o escalonamento, o valor ficou em R$ 44.564,32, que dá uma diferença de 10,6% em termos relativos e R$ 5.270,48 em termos absolutos.
Asprom
O comando de greve da Asprom (Sindicato dos Professores e Pedagogos das Escolas Públicas do Ensino Básico de Manaus) também fez um ato público nesta manhã, em frente à sede do Governo e entregou o estudo de poder de compra da categoria ao vice-governador. Segundo a presidente do Sinteam, os estudos são os mesmos.
Nesta terça-feira, 30, às 15h30, a Asprom pretende realizar Assembleia Geral na sede do Governo para debater a contraproposta do Governo.