Por Aldizângela Brito, da Redação
MANAUS – Antipatia, ou simpatia, e o sentimento de evitar que o candidato a qual se tem rejeição ganhe eleição, são fatores que podem influenciar o voto no segundo turno, segundo analistas políticos. O padrão de escolha entre os eleitores que não tiveram o candidato na disputa do segundo turno é optar pelo menos pior, caso decida por não anular ou não votar em branco.
O pesquisador Afrânio Soares, da Action Pesquisa de Mercado, diz que no primeiro turno o eleitor vota em quem ele realmente prefere que seja eleito e movimento pela ideologia. Caso o postulante não conquiste os votos necessários para continuar no pleito, “o eleitor vota naquele que considera o menos pior, que seria o voto por simpatia, ou o voto para evitar que o outro ganhe, que mostra uma antipatia ao candidato”, explicou.
Afrânio Soares avalia também que o eleitores recorrem a pessoas que consideram confiáveis para observar a manifestação e até mesmo perguntar em quem deveria votar. Afrânio diz que isso facilita o trabalho dos cabos eleitorais que trabalham como influenciadores de opinião. Isso vale também para aqueles que pretendem votar em branco ou nulo.
Normalmente, de acordo com o pesquisador, essa postura neutra costuma crescer em um primeiro momento, mas depois esses votos vão se distribuindo entre os candidatos no segundo turno. “Há pleitos que chegam ao final com apenas 5% dos eleitores que se declaram indecisos. Esses eleitores não são necessariamente indecisos. Eles só não querem manifestar a sua intenção ou só não têm absoluta certeza dela. Ou por achar que ao se manifestarem vão estar dando voz a algum tipo de polêmica ou para evitar política polarizadora”, disse Afrânio Soares.
A migração dos votos para ambos os candidatos que concorrem ao governo do Estado não tem como ser avaliada. O motivo é que juristas dos candidatos David Almeida e Omar Aziz moveram para impedir a divulgação de oito pesquisas de intenções. A transferência só poderá ser avaliada de modo conclusivo quando for feito uma pesquisa no interior do Estado, para verificar o impacto na eleição. “Essa foi a eleição do jurídico (no Amazonas). É complicado e não vejo com bons olhos porque queremos ver a informação fluindo. Não dá para formar uma opinião porque teríamos que usar percentuais e número tem em pesquisa, e pesquisa para ser citada tem que ser registrada”, disse.
Outra tese é que votos nulos e brancos são expressivos na medida em que revelam a desconfiança nos candidatos e no próprio processo eleitoral.
Marcelo Seráfico, professor do Programa de Pós Graduação de Sociologia da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), diz que o fenômeno tem a ver especificamente com um ou outro candidato a partir do esvaziamento das propostas políticas. “Não temos, propriamente, candidatos que defendem projetos políticos. Nós temos dois candidatos que defendem campanhas de publicidade. Ou que são defendidos por campanha de publicidade, que é coisa muito diferente”, disse Seráfico.
O sociólogo diz que o eleitor pode não estar fazendo uma análise dos projetos, mas da manutenção de políticos alinhados a grupos e que a continuidade pode ser desafiada. “De um lado tem um candidato que representa a continuidade no passado, do outro alguém que nunca teve um cargo eletivo e pode representar o voto na mudança, não importando a natureza da mudança. O voto no Wilson Lima não é necessariamente um voto nas propostas do candidato, mas pode ser um voto pela não permanência de Amazonino Mendes e o que ele representa no governo do Estado,”, disse Marcelo Seráfico.
O fato do candidato que não é um grande nome concorrer nos tradicionais concorrer com Amazonino com chances reais revela a desconfiança do eleitor “O que o cidadãos e analistas precisam observar é como o candidato que for eleito vai compor as articulações políticas e junto à sociedade civil para sustentar o seu governo. Se esse desafio realmente implica mudança é outra questão. Tem gente apostando muito alto”, concluiu o sociólogo.