Por Daisy Melo, da Redação
MANAUS – Com previsão de corte no repasse de R$ 30 milhões ao Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia), servidores e pesquisadores irão promover uma manifestação nesta quarta-feira, 19, em frente à sede da entidade em Manaus. A redução nos recursos foi anunciada pelo MCTIC (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações).
“É drástica a situação da ciência. O impacto é grande, vários segmentos estão sendo impactados, isso vai estagnar bolsas de estudos para mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos. Editais de pesquisa estão sendo cancelados. O que já era irrisório vai ficar ainda menor, é absurdo. Estamos andando para trás. O País que não investe em ciência e tecnologia não pode pensar em futuro”, disse o diretor do Sindsep/AM (Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Amazonas) e servidor do Inpa, Jorge Lobato. O Ato Público em Defesa da Ciência na Amazônia será às 9h.
O MCTIC terá corte de 44% em seu orçamento, mas os índices de redução nos repasses às entidades de pesquisas não foram definidos. O orçamento do ministério passará de R$ 4,1 bilhões para R$ 2,8 bilhões neste ano, segundo Lobato. “Isso é pouco mais da metade do orçamento de 2010, que foi de R$ 7,6 bilhões”, disse. Segundo Lobato, o problema orçamentário se agravou a partir da fusão, em maio de 2016, dos ministérios de Ciência e Tecnologia com o de Comunicações no governo de Michel Temer, que unificou a conta dos dois setores. “Esse projeto de lei orçamentaria vai nos levar para o fundo do poço, o Inpa ficará engessado”, disse. O corte afetará diretamente o Inpa, na Amazônia Ocidental, e o Museu Paraense Emílio Goeldi, na Amazônia Oriental, segundo Jorge Lobato.
Quadro de servidores
Além da questão orçamentária, o Inpa enfrenta ainda o problema de reposição de pessoal. Dos cerca de 800 servidores (pesquisadores e técnicos), quase 200 estão na fila do Recursos Humanos para se aposentar. “A partir do momento que não há renovação do quadro não há continuidade, não tem recompensação qualificada do quadro do Inpa, não há formação de novos pesquisadores para dar continuidade, isso já vem ocorrendo há uma década”, comentou.
Para sanar esse problema de pessoal do instituto, a solução seria a realização de concurso público, de acordo com o diretor do Sindsep/AM. “O que houve foi pontual, há cinco anos houve uma reposição, mas tímida, o Inpa precisa renovar de 30% a 40% e preparar mão de obra qualificada requer tempo”, disse. Além das questões orçamentarias e de pessoal Lobato cita, ainda, o distanciamento geográfico e a logística como fatores que pesam no desenvolvimento da pesquisa na Amazônica.
A expectativa é reunir 200 pessoas no protesto desta quarta, entre pesquisadores e técnicos do Inpa, estudantes da Ufam (Universidade Federal do Amazonas) e pessoas de instituições ligadas à Ciência e Tecnologia. Manaus também participa da Marcha pela Ciência, que irá ocorrer em todo o Brasil, no sábado, 22. A concentração será às 10h, no Museu da Amazônia, no Largo São Sebastião, Centro da cidade.