A História do Senai é repleta de fatos emblemáticos do pioneirismo e empreendedorismo na transformação do Amazonas. Criado em 1942, em plena II Guerra Mundial, o Senai é resultado de um decreto visionário do presidente Getúlio Vargas.
Dois anos depois, tendo o Brasil se dividido em 10 diretorias regionais, o Amazonas fica submetido à governança do Estado do Ceará. E apenas em 1957, sob a gestão de José Florêncio Baptista, irmão do cientista Djalma Baptista, começam a construção das primeiras unidades hoje conhecidas como Waldemiro Lustosa, no bairro da Cachoeirinha, inaugurada no ano seguinte, nas proximidades do eixo Educandos – Paredão.
Era uma área residencial e operária onde se situavam as duas maiores indústrias de juta (a Brasiljuta e a Fitejuta), pequenos estaleiros e oficinas de reparos navais, indústrias de beneficiamento de borracha, castanha, madeira e de outros produtos primários. Ali, já aparecia o genoma empreendedor de Moisés Benarrós Israel e Mário Expedito Neves Guerreiro.
Pioneiros e heróis da resistência
Ainda não saíra do papel o projeto ZFM do deputado Pereirinha, apresentado na Câmara Federal, no governo Juscelino Kubitscheck. Mas Isaac Benayon Sabbá e seu sobrinho Moysés Israel já haviam implantado a Refinaria de Manaus. Senai, a Refinaria, as duas Fiações e Tecelagem de Juta, BrasilJuta e Fitejuta, os empreendimentos de Cosme Ferreira, na Associação Comercial, já justificavam a implantação da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas em 1960.
A luta do empresariado amazonense era marcada pela defesa do desenvolvimento da indústria local, processadora de matérias-primas regionais, com destaque para as serrarias, usinas de beneficiamento de borracha, de castanha e de curtume, fabricação de calçados, bebidas e panificação.
Essa consciência de classe desembarcou na pressão em cima do presidente Castelo Branco, e na convocação de Arthur Amorim, homem de confiança do ministro Roberto Campos, que ajudaram Dr. Mysés, 10 anos antes, a negociar e embarcar para o Brasil partes e peças da Refinaria de Manaus. Coube a eles desenhar e ajudar a implantar a Zona Franca de Manaus.
Um portfólio de conquistas
Hoje a Escola Senai Waldemiro Lustosa capacita mão de obra para suprir a demanda nas áreas de Metal-Mecânica, Mecânica Automotiva, Soldagem e Plástica. Está instalada em moderno edifício de 3.950 m2 onde se distribuem os quatro pavilhões que abrigam as oficinas de Solda, Mecânica Geral, Ferramentaria e Automobilística, equipadas com tecnologia de ponta.
Tem uma equipe de 15 docentes (alguns dos quais são ex-alunos) e mantém um elenco de cursos, em dois níveis: o nível Básico e o nível Técnico, ministrados em três turnos. Os cursos de Aprendizagem Industrial (nível Básico) e de Habilitação Técnica (nível Técnico) são totalmente gratuitos.
O salto da inovação
Em 2019, 62 anos depois da inauguração de sua primeira unidade no Amazonas, a luta se amplia e se diversifica. De acordo estudos da CNI, Confederação Nacional da Indústria, o estado do Amazonas terá de qualificar 142.089 trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico, qualificação e aperfeiçoamento entre 2019 e 2023.
O desafio não é motivo de intimidação do Senai. Muito pelo contrário. Este é seu motor motivacional. Trata-se de uma instituição acostumada a superar metas e métricas. O Senai-AM já tem a missão e já preparou seu roteiro, sem perder de vista o desafio da inovação nos processos educacionais e no acompanhamento na evolução das tecnologias envolvidas.
Daí a criação do ISI -AM, o Instituto Senai de Inovação do Amazona, que mesmo sem a infraestrutura integral necessária já desenvolve projetos inovadores como o Sistema de monitoramento ambiental de Qualidade de Água, em parceria com a Escola Politécnica da USP; Balanceamento de linha de produção usando sensores – IoT (Internet das Coisas), entre outros tantos ensaios tecnológicos para empresas do Polo Industrial de Manaus, como Diebold, Jabil e Eletrolux.
Um legado técnico/educacional invejável
Desde a inauguração da Escola Senai Waldemiro Lustoza, o Senai Amazonas já registrou mais de 800 mil matrículas nos quase 200 cursos que oferece e que são de interesse das empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM).
Além disso, ofereceu qualificação profissional para cerca de 60 mil pessoas em 65 municípios do Amazonas e outros Estados da região por meio do Programa Samaúma de educação profissional itinerante na Amazônia, que completou este ano 40 anos de atividades.
Em 2014, o Senai, por meio da Confederação Nacional da Indústria, inaugurou o segundo barco do programa, o Samaúma II, mais moderno e com atualizações tecnológicas importantes do ponto de vista pedagógico e ecológico.
Em 40 anos, o pioneiro Samaúma já atendeu, com os 15 cursos de qualificação que oferece, 53.934 pessoas. O nome de tudo isso é promoção do desenvolvimento, distribuição de oportunidades e conquista da cidadania.
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