Por Felipe Campinas, da Redação
MANAUS – Os senadores Omar Aziz (PSD) e Randolfe Rodrigues (Rede) foram confirmados presidente e vice-presidente da CPI da Covid em eleição realizada nesta terça-feira, 27. Aziz indicou o senador Renan Calheiros (MDB) como relator da comissão, após o TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região) suspender a decisão de primeira instância que impedia Renan de ser relator da CPI.
Aziz, que compõem a ala independente, disputou o cargo com o senador Eduardo Girão (Podemos), da base governista. O senador do Amazonas recebeu oito votos contra três de Girão. Agora, a comissão dará início aos trabalhos de investigação das ações do governo federal no enfrentamento da pandemia e a aplicação de recursos da União transferidos para estados, Distrito Federal e municípios para essa finalidade.
No primeiro discurso como presidente, Aziz pediu que todos os membros façam um “trabalho técnico, sem buscar nada além da verdade, seja contra quem for”. Ao indeferiu a questão de ordem que pedia o impedimento de Renan como relator, o presidente da comissão disse que “não existe senador pela metade” e indicou o pai do governador de Alagoas para o cargo.
A primeira sessão da CPI da Covid foi marcada por embates entre governistas e oposicionistas em relação a participação de Renan como relator. Jorginho Mello (PL), aliado do presidente Jair Bolsonaro, pediu o impedimento de parlamentares que são pais de governadores – Renan Calheiros e Jader Barbalho, ambos do MDB -, mas o pedido foi contestado por Eduardo Braga, que é líder do partido.
Braga citou a denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e outras 17 autoridades públicas apresentada na segunda-feira, 26, no STJ (Superior Tribunal de Justiça) para questionar os colegas sobre a suspeição de senadores. “Isso me torna suspeito para estar aqui? Ou torna o senador Omar Aziz suspeito para estar aqui?”, questionou o líder do MDB.
Omar Aziz afirmou que as questões de ordem deveriam ser analisadas após a eleição da presidência da CPI da Covid, quando ocorreria a indicação do relator, e pediu celeridade na reunião. Aziz alegou que a demora na escolha poderia levantar suspeitas de que “há um grupo de pessoas que não quer que a CPI ande”, mas Otto Alencar (PSD), que presidiu a sessão, disse que precisava ouvir os outros senadores.
O líder do PT no Senado, Paulo Rocha, que não é integrante da comissão, mas participou da reunião, contestou as alegações de Jorginho Mello e defendeu a participação de Renan como relator. “O Renan não conquistou esse direito pelos seus bel olhos, mas, principalmente, pela força do MDB. O povo quis que o MDB fosse a maior bancada aqui (no Senado)”, disse Rocha.
Ao contestar a participação de Renan e Jader na comissão, Flávio Bolsonaro (Republicanos) reclamou de não ser procurado pelo líder do bloco em que ele participa, Eduardo Braga, para discutir sobre os nomes que seriam indicados para a comissão. O filho do presidente Jair Bolsonaro disse haveria imparcialidade na participação dele, como ocorrerá com Renan e Jader.
“Se tivesse me consultado, eu diria: não sugira meu nome, do senador Renan Calheiros e do senador Jader Barbalho. Porque é óbvio que haveria imparcialidade da nossa parte. No caso de Renan é pior, porque ele antecipou seu voto. Ele deu uma entrevista julgando o governo federal, dizendo que foi omisso, mas que na comissão será imparcial”, afirmou Flávio.