Por Eduardo Sodré, da Folhapress
SÃO PAULO – A produção de veículos em maio registrou crescimento de 10,7% sobre abril. Foram fabricadas 205,9 mil unidades de veículos leves e pesados no último mês, segundo a Anfavea (associação das montadoras). No acumulado do ano, há queda de 9,5% em relação a 2021.
O resultado reflete um momento de alívio no fornecimento de semicondutores e a alta nas vendas, explicada pelas compras feitas pelas locadoras e pelo fim da espera por uma nova redução do IPI (Imposto sobre Pordutos Industrializados), que não contemplou o segmento de carros de passeio.
“Temos dificuldades, temos gargalos, mas, devagar, a situação está se tornando mesmo crítica”, diz Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea. “Hoje não se trata apenas de semicondutores, que sem dúvida têm um impacto muito grande, mas temos borrachas, cabos, alguns itens que estão sendo objeto de um planejamento maior das montadoras”, afirma Leite.
Até maio, segundo a Anfavea, houve uma perda de produção de 150 mil veículos devido à falta de componentes. Foram 16 paradas de fábrica nos primeiros cinco meses do ano, uma média de 20 dias por unidade fabril.
Foram vendidas 187,1 mil unidades no último mês, de acordo com a Fenabrave (associação dos distribuidores). O número representa uma alta de 27% sobre abril, mas há queda de 17% no acumulado. A conta inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.
Após oscilar dentro da faixa de 7.000 licenciamentos, a média de vendas ficou em 8.503 unidades/dia. “Nosso maior desafio hoje é manter o mercado com uma demanda que se mantenha pelo menos igual à nossa capacidade de produção”, diz o presidente da Anfavea. Ele ressalta que o maior empecilho do momento na área de vendas é o encarecimento do crédito.
As exportações tiveram alta de 2,8% entre abril e maio, e o acumulado do ano registra um crescimento de 19,4%. Nos cinco primeiros meses de 2022, 199 mil unidades foram enviadas ao exterior, principalmente para os países da América do Sul.
Apesar do avanço das vendas, os estoques se mantiveram no mesmo patamar de abril. Há veículos disponíveis para atender a 20 dias de comercialização.
O nível de empregos permanece estável, com 101,8 mil trabalhadores registrados nas montadoras. O número, contudo, deve diminuir nos próximos meses, devido o encerramento da produção nas fábricas da Caoa Chery em Jacareí (interior de Sâo Paulo) e da Toyota em São Bernardo do Campo.
Os dados de produção foram divulgados nesta segunda (7). O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, fez a abertura da coletiva de imprensa da Anfavea. Ele parabenizou a indústria pelas “soluções climáticas lucrativas”.
Em seu discurso, ele mencionou as soluções que estão em pauta no setor automotivo nacional, indo do carro flex híbrido aos modelos movidos a hidrogênio.
São as opções oferecidas pela Toyota, que transferiu 100% de suas operações para o interior de São Paulo.
No fim de maio, Joaquim Leite esteve na fábrica da montadora japonesa em Sorocaba, onde conheceu os carros que dispõem das tecnologias globais da marca. Apenas os modelos híbridos flex estão disponíveis no Brasil, na linha Corolla.
Em ano de eleições majoritárias, a associação das montadoras tem promovido encontros com diferentes ministérios do governo Jair Bolsonaro (PL). O mandato, que começou com críticas à indústria, termina com um relacionamento bem mais próximo.
O ex-presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, chegou a ser convidado para ocupar uma cadeira no ministério da Economia. A proposta foi recusada.
Um dos temas que sempre retorna nesses momentos de aproximação da Anfavea com o Poder Executivo é o programa de renovação de frota, que está em pauta desde os anos 1990. O assunto foi novamente mencionado –com foco no segmento de caminhões–, mas sem definição de termos ou de datas.