Do ATUAL
MANAUS — A segunda audiência de instrução do caso Julieta Hernández ocorre nesta terça-feira (3) no município de Presidente Figueiredo (a 117 quilômetros de Manaus). A primeira audiência do caso, realizada em agosto deste ano, foi suspensa após a requisição de um documento.
Nesta terça-feira, as oitivas devem continuar presencialmente no fórum, conforme solicitado pelo advogado da família de Julieta, Carlos Nicodemos. “Seis testemunhas devem ser ouvidas nessa audiência, além de, possivelmente, os dois acusados. Também solicitamos que tudo aconteça de forma presencial”, disse.
O advogado afirmou que há a expectativa de que a partir dos depoimentos a Justiça compreenda e atenda o pedido da família para o crime ser reclassificado para feminicídio “com contornos de xenofobia, por tratar-se de uma cidadã venezuelana”. O pedido foi negado pelo promotor responsável.
Julieta Hernández foi morta enquanto viajava de bicicleta pelo Brasil, a caminho da Venezuela, país de origem. Ela desapareceu no dia 23 de dezembro de 2023 em Presidente Figueiredo. O corpo e partes da bicicleta foram encontrados em janeiro deste ano, após 14 dias desaparecida.
As investigações mostraram que a artista foi estuprada, assassinada e teve o corpo queimado pelo casal Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos, que confessou o crime. Eles foram denunciados pelos crimes de estupro, latrocínio e ocultação de cadáver.
Entidades
A mobilização por justiça por Julieta é acompanhada por várias entidades nacionais, como o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher; a secretaria Nacional de Enfrentamento à Volência Contra a Mulher do Ministério das Mulheres; Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Amazonas; Conselho Estadual dos Direitos da Mulher e a União Brasileira de Mulheres.
A audiência será acompanhada por uma representante do Ministério das Mulheres. Nesta segunda-feira (2), a ministra Cida Gonçalves manifestou apoio à reclassificação do crime e destacou a importância de reconhecer que o feminicídio não ocorre apenas com mulheres vítimas de violência doméstica.
“O que aconteceu com Julieta foi um caso específico de feminicídio. Precisamos fazer um debate nacional sobre o que o feminicídio e como ele acontece, seja no espaço público ou privado. Também precisamos ter capacidade técnica e jurídica para que os casos sejam investigados com a tipificação correta, para que a família não precise passar anos lutando por justiça”, afirmou.