Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – Durante a entrevista coletiva com o governador José Melo e o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes, foi questionado por que as autoridades de segurança não tomaram medidas para evitar o massacre nos presídios de Manaus que resultou em 60 mortos, uma vez que em novembro de 2015, por ocasião da Operação La Muralha, a Polícia Federal havia alertado a presença de duas facções criminosas rivais nas unidades prisionais e o risco de uma guerra entre elas. A resposta de Sérgio Fontes surpreendeu: “Na verdade é mais por um fator: não entregar para uma determinada facção criminosa um presídio só deles, né. Isso não é razoável, a gente separar e deixar com que as organizações criminosas fiquem livres para atuarem sozinhas”.
Depois da entrevista, a reportagem do ATUAL questionou se o Estado não deveria entregar o comando do presídio a uma, mas a duas facções. Sérgio Fontes deu a seguinte resposta: “Na verdade é assim: nós temos sempre que… é… é… Se a facção estiver trabalhando sozinha, ela tem a tranquilidade que ela precisa para gerenciar o crime fora do presídio. Na verdade, o que nós queremos é isso… é não deixar… é o ideal. Nós buscamos o ideal. É não deixar uma instituição criminosa criminosa que pertence ao Estado na mão de uma organização criminosa que vai dominar todos os que estão entrando ali”.
Depois que uma das fações matou 56 da facção rival, a SSP decidiu transferir todos os presos da outra facção para a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa. Foram transferidos 130 detentos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim e da Unidade Prisional do Paraquequara. Depois da transferência, na tarde de segunda-feira, 2, a facção que domina os presídios matou mais quatro pesos no Puraquequara, elevando para 60 o número de mortos.
O secretário Sérgio Fontes disse, também, que a rebelião no presídio Anísio Jobim não aconteceu em função da superlotação. “Se a lotação desse presídio fosse a metade da lotação que tem ia acontecer do mesmo jeito, porque o objetivo era a força maior esmagar e eliminar a força menor”. Ele disse que é bom divulgar isso, porque “os nossos presídios são lotados, mas não superlotados. Mas não foi isso que gerou a rebelião. O que gerou a rebelião foi a disputa pelo crime organizado”.
Segundo Sérgio Fontes esse tipo de confronto entre facções rivais sempre existiu e, em 2016, se agravou por conta das prisões e apreensões de drogas no Estado. “Nós apreendemos 21 tonadas de drogas em dois anos, 11 em 2015 e 10 em 2016. Vinte e uma toneladas equivale a quase 20 anos de apreensão”.
Ele disse que a inteligência da SSP identificou que poderia haver “uma alteração prisional, mas não entre facções”, mas sim para a retomada das lideranças que foram encaminhadas para presídios federais em decorrência da Operação La Muralha.
Fontes afirmou, ainda, que apesar de a SSP fazer o monitoramento e manter um plano de contingência, o ataque do dia 1° de janeiro de uma facção contra outra não era previsto.
O motivo da matança nos presídios, segundo o secretário de segurança do Amazonas, foi a falta de dinheiro para as facções criminosas. “Quando falta dinheiro, se briga com mais violência; quando falta dinheiro, se cobra com mais violência; quando falta dinheiro, se disputa espaço com mais violência.
Esse secretário deveria ser demitido.