Da Folhapress
SÃO PAULO – O aumento na conta de luz nos últimos meses foi sentido por consumidores de todo o país. Em São Paulo, por exemplo, o reajuste aprovado pela Eletropaulo em agosto foi de 15,84%. No Rio de Janeiro, as contas também tiveram alta na casa dos dois dígitos.
Para agravar a situação, os consumidores têm pagado as chamadas bandeiras tarifárias nos últimos meses, situação que deverá se prolongar, pelo menos, até novembro. Esse aumento é resultado de diversos fatores, e decisões do governo podem elevar o preço ainda mais no futuro.
Veja algumas medidas que impactaram e que podem afetar sua conta de luz.
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Seca prolongada
Os reservatórios de água do país passam por um período de seca. Em dois cenários traçados pela ONS (Operadora Nacional do Sistema Elétrico), a situação é pior do que em 2014, quando o país viveu a pior crise hídrica em 20 anos.
Quando isso ocorre, as usinas hidrelétricas geram menos energia, e o governo precisa acionar usinas termelétricas para compensar, o que significa um custo extra.
Esse gasto adicional vem nas chamadas bandeiras tarifárias, que são adicionais na conta de luz para pagar essas termelétricas.
Só que a seca tem sido tão grave que essa renda não tem sido suficiente para remunerar as distribuidoras de energia (que contratam os geradores de energia). É por isso que os últimos reajustes têm sido tão altos.
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Crise na Venezuela
Pode parecer estranho, mas a crise venezuelana também impacta na conta de luz de todos brasileiros. O motivo é que o estado de Roraima depende de energia importada do país vizinho, mas vem sofrendo com apagões causados pela crise econômica. Além disso, a Venezuela ameaça cortar o suprimento ao estado devido a um imbróglio no pagamento da energia.
Para proteger o abastecimento no estado, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) vai acionar usinas térmicas no estado de Roraima, para que ele tenha uma geração própria. A conta, de R$ 406 milhões até o fim deste ano, será paga pelos consumidores de energia de todo o país. Em 2019, essa conta pode chegar a R$ 1,2 bilhão.
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Privatização da Eletrobras
A venda das distribuidoras da Eletrobras pode provocar aumento na conta de luz. Isso porque, para viabilizar a venda de uma delas, a Amazonas Energia, o governo tenta aprovar um projeto de lei que transfere aos consumidores o pagamento de dívidas bilionárias das empresas.
O impacto na conta de luz pode ser de R$ 5 bilhões, segundo a Abrace, uma associação que representa grandes consumidores industriais.
Além disso, a Eletrobras cobra que o governo arque com os custos das distribuidoras dos últimos meses.
A razão é que a concessão das empresas já venceu, ou seja, as distribuidoras que a Eletrobras tenta vender não precisariam mais oferecer o serviço. No entanto, continuam operando, enquanto os leilões de privatização não são concluídos, para evitar um corte de luz nos estados.
A transferência desses custos da Eletrobras para o governo pode acarretar em mais R$ 11 bilhões para serem pagos pelos consumidores.
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Pagamento extra a empresas geradoras
O governo quer elevar o pagamento a três usinas térmicas movidas a gás natural, para viabilizar seu acionamento e preservar os reservatórios hídricos. O governo planeja aumentar a remuneração às empresas que controlam as usinas, além de outras medidas para favorecer sua operação, para que elas possam ser novamente contratadas. Esse pagamento será repassado à conta de luz.
Além disso, há o caso da usina nuclear de Angra 3, cujas obras estão paralisadas. Uma medida avaliada pelo governo para atrair investidores privados e concluir a obra bilionária é aumentar o preço pago pela energia gerada, tornando o empreendimento mais atrativo (segundo alguns analistas, sem isso, ele fica inviável).
Esse preço mais caro seria pago, novamente, pelos consumidores.
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Leilão de térmicas
Além disso, o Ministério de Minas e Energia estuda realizar um leilão para contratar novas usinas térmicas movidas a gás natural na região Nordeste.
O impacto na conta de luz é estimado em R$ 2 bilhões pela Abrace. Além disso, o leilão sofre críticas de alguns especialistas, que questionam a falta de estudos para a construção de novas usinas e o fato de ser um certame apenas para a região Nordeste, o que contraria o sistema interligado que sempre predominou no Brasil. É importante lembrar que há também algumas medidas em curso para tentar reduzir a conta de luz.
Uma delas é a revisão de subsídios que estão pegos pelo consumidor.
Entre os favorecidos pelos encargos estão produtores rurais, empresas que prestam serviços públicos de saneamento e consumidores de baixa renda, que recebem tarifas sociais, mais reduzidas. Outros grandes beneficiários são as empresas de energias renováveis, como eólica e solar.
Esses empreendedores recebem uma série de isenções de taxas, que são pagas por todos os consumidores.