Sem acreditar no que estava acontecendo, percebi, imediatamente, o espanto de minha esposa, peguei a sacola do pão e saí.
Então disse para ela: – Ele não me pediu nenhuma informação e se eu não retornar?
Em meio as “fake news”, descréditos contra os governantes e tanta violência, fomos surpreendidos por uma atitude tão marcante que em outras épocas era regra e não exceção.
Você deve estar pensando: o que aconteceu?
Na semana passada, após uma caminhada, fomos à padaria e lanchonete Pão & Companhia, que fica no shopping Le Bom Machê, no Dom Pedro, na cidade de Manaus. Exatamente às 6h50 do dia 21/07/2021, pegamos o que precisávamos e ao me dirigir ao caixa, saquei uma nota de R$ 50, quando imediatamente o caixa me perguntou:
– O senhor tem dinheiro trocado ou cartão?
No mesmo instante respondi que não, já que era a única nota que eu tinha, naquele momento.
Como em um bate e volta, ele disse:
– Não tem problema, depois o senhor paga.
Entregando-me a sacola do pão.
Pensei: – Como assim? Ele não vai pedir meu telefone, CPF?
Era a terceira vez que eu estava naquela loja.
A atitude daquele caixa me remeteu à época em que, quando criança, eu ia à padaria e o seu Manoel, que ficava no caixa, apenas escrevia num caderno, o valor e a data.
Nessa época, no início da década de 1980, morávamos em Natal (RN), quando ainda existia uma confiança mútua entre o proprietário do estabelecimento e nossos pais; quando pagavam o valor resultante daquela soma, não existia nenhum motivo para indagações. Bons tempos.
Esperamos que a confiança nas relações e o crédito em nossos representantes eleitos possam florescer novamente e que possamos reagir com fé e esperança, como aquele caixa teve.
Sim, ia esquecendo… Dois dias depois retornei, enchi outra sacola, quando novamente fui ao caixa e, abrindo a sacola vazia, que estava no bolso, ainda com a etiqueta do preço, pude sim cumprir com minha obrigação, que, antes de tudo, é cristã e moral.
– Obrigado pela confiança, senhor caixa, seja você quem for. Até amanhã!
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