Do ATUAL
MANAUS – Terras indígenas concentram os focos de calor na Amazônia. De 1º de janeiro a 26 de agosto de 2024 foram 3.549 focos, registrado principalmente em áreas degradadas e consolidadas como pastagem. Cada foco pode resultar em queimadas ou incêndios, sejam intencionais ou não.
Em todo o país foram 12.335 focos de calor em 300 terras indígenas, que representam 11% de todos os focos de calor no Brasil. Os dados foram coletados pelo Greenpeace Brasil a partir de imagens dos satélites Aqua (M-T), Sentinel-2 e Planet, além do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ).
Em relação à área consumida pelo fogo, as terras indígenas do Cerrado são as mais atingidas, com uma área queimada de 1.731.950 hectares. Na sequência vem a Amazônia, com 533.575 hectares afetados, e o Pantanal, com área de 366.975 hectares queimados.
“A atual temporada de fogo ameaça territórios originários em todos os biomas, não somente na Amazônia. Como se não bastassem problemas históricos associados às terras indígenas, como invasores, grileiros e garimpos, esses territórios também são vítimas dos incêndios criminosos”, diz o coordenador da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil, Jorge Eduardo Dantas.
A Terra Indígena Kadiwéu, no Mato Grosso do Sul, que abrange os biomas Cerrado e Pantanal, foi o território que mais concentrou focos no ano, com 1.256 ocorrências, principalmente nos meses de junho (1.045), julho (158) e agosto (887).
Das terras indígenas na Amazônia, o território com o maior número de focos foi o Kayapó, localizado nos municípios de São Félix do Xingu, Ourilândia do Norte e Cumaru do Norte, todos no Pará, com 787 focos. Agosto, mesmo não finalizado, já registra 704 focos desse total.
Enquanto em agosto do ano passado o país registrou 28.056 focos de calor; de 1º a 28 de agosto de 2024 foram registrados 57.528 focos, um aumento de 105%.
O Greenpeace Brasil vê como alarmante a situação em todos os biomas no mês de agosto, mas ressalta a situação no Pantanal, onde o crescimento dos focos de calor entre 2023 e 2024 foi de 3.509%. No Cerrado, o aumento no mesmo período foi de 133% e também foram verificados crescimentos dos focos de calor na Mata Atlântica (119%) e Amazônia (79%).