Por Milton Almeida, do ATUAL
MANAUS – Irresistíveis nas festas juninas, o milho e produtos derivados como canjica, pamonha, o bolo e a pipoca estão mais caros em Manaus neste mês de junho. A queda na produção devido à estiagem prolongada em 2023 e grande procura causaram a alta no preço nas feiras.
A espiga, que em maio era vendida a R$ 1, agora em junho é comercializada por R$ 2 – alta de 100%. O saquinho com dez espigas custa, em média, R$ 20, conforme atestou o ATUAL.
A pamonha, que antes era vendida a R$ 6, agora custa R$ 7, em média. A fatia de bolo de milho, que em maio custava R$ 5, em junho é vendida entre R$ 6 e R$ 7.
“Dizem que a produção foi menor e a procura aumentou este mês. Antes, nós comprávamos a saca com 100 espigas por R$ 30 ou R$ 35 reais. Agora pagamos R$ 170 pela saca”, diz um feirante ouvido pela reportagem na condição de anonimato. A alta é de R$ 485,7%.
“O milho é considerado o principal produto do mês de junho devido às festas. De cada dez pratos, o milho está presente em nove. A forte demanda, a baixa produção e a estiagem impactaram no preço na nossa região”, diz a economista Michele Aracaty Silva, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas).
Segundo a economista, o aumento da demanda no Brasil é registrado pelo CEPEA (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), mas os aumentos em Manaus estão condicionados também ao “custo amazônico”, que inclui o frete e à tributação.
“Ao longo de 30 dias o aumento do milho foi de 19,8% no mercado nacional. Mas, na nossa região, nós tivemos uma forte estiagem e como consequências, tivemos uma forte queda no plantio e a demanda pelo milho é alta neste mês. Então, tudo isso cooperou para que houvesse um aumento para o consumidor que está no final da cadeia produtiva”, diz.
Conforme relatório da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária da Amazônia Ocidental), existem poucos fornecedores de milho-verde durante o período de entressafra, nos meses de julho e agosto. “Em resumo, nós temos quatro fatores que influenciam no preço: as mudanças no clima, a redução da safra, aumento da demanda e a estiagem severa”, diz Michele.
O presidente da Faea (Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, disse que a grande procura pelo produto no período das festas juninas “pressiona” o preço para cima. “Somado a essa pressão, ainda estamos sofrendo os efeitos da forte estiagem do ano passado. Algo parecido acontece também com a banana pacovam e a macaxeira. Além disso, o frete desses produtos pode influenciar no aumento”.
De acordo dom o Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas), os principais municípios produtores de milho em grãos no Amazonas são Manacapuru, Boca do Acre e Humaitá. Apuí, Maués e Careiro da Várzea são os maiores produtores de milho verde [em espiga].