Da Redação
MANAUS – Conhecida pela paisagem deslumbrante, a Serra de Parintins (a 396 quilômetros de Manaus), mais conhecida como Serra da Valéria, será palco de um projeto piloto para capacitar ribeirinhos em inglês. O local é parada obrigatória na temporada de cruzeiros na Amazônia e recebe turistas há mais de 40 anos. Além da capacitação, o local também ganhará um atracadouro para navios de grande porte.
O levantamento do potencial turístico da Serra da Valéria foi realizado por técnicos da Amazonastur (Empresa Estadual de Turismo do Amazonas) em parceria com o Centro de Educação Tecnológico do Amazonas (Cetam) e Prefeitura de Parintins. Situado à margem do Rio Amazonas, na fronteira do Pará com o estado amazonense, o lugar reúne quatro comunidades ribeirinhas: São Paulo, Betel, Bete Semes e Santa Rita da Valéria.
Marcado pela exuberância da fauna e flora, o local atrai milhares de turistas estrangeiros anualmente. Na área também foram encontradas relíquias de povos indígenas antigos. A serra, com 152 metros de altura, proporciona uma visão inesquecível ao visitante que se aventura em subi-la.
Para melhorar o trade turístico, um curso de inglês instrumental será oferecido às comunidades pelo Cetam (Centro de Ensino Tecnológico do Amazonas) voltado para o atendimento ao turista, uma vez que a comunicação improvisada sempre dominou a interação entre ribeirinho e visitante. A Amazonatur vai implantar ainda um atracadouro para facilitar o desembarque dos turistas no Centro Receptivo Fluvial Turístico (CRFT).
“A visita se dá em razão de um levantamento de potencial turístico, dos prestadores de serviços que, aqui, podem estar operando, para que seja realizado um ordenamento nestas comunidades que compõem toda a Serra da Valéria, pois na temporada de cruzeiros essas comunidades recebem milhares de turistas. Nós queremos preparar esse local para que todos eles estejam ordenados para poder oferecer um turismo de qualidade a todos os estrangeiros que aqui desembarcam”, explicou a chefe do Departamento de Regulação e Fiscalização da Amazonastur, Giovanna Tapajós.
“A vinda do Cetam é para fazer o levantamento da necessidade apresentada pelos comunitários. Podemos trazer o curso FIC (Formação Inicial e Continuada) para os comunitários ordenarem o turismo de forma mais qualificada e poderem ter mais autonomia financeira”, disse a coordenadora dos cursos FIC, do Cetam, Ellen Azevedo.
O agricultor Joel Reis, 42, morador da comunidade Bete Semes, gostou da iniciativa. “A gente esperava esse tipo de ação há muito tempo, porque há muitos anos nós trabalhamos sem técnica na região. Apenas na lei da natureza mesmo, recebendo o visitante. Mas isso gera dificuldades em receber o turista. Não sabemos falar inglês, pois nos comunicamos por gestos. Então, acredito que com a vinda desses técnicos, nós vamos ter apoio e aprender a fazer um turismo melhor, a melhorar o nosso trabalho”, declarou o agricultor.
Para o condutor de embarcação Anastácio da Silva, 50, a temporada de cruzeiros é sinônimo de renda extra aos comunitários que apresentam artesanato, danças folclóricos, river tour pelo Lago da Valéria, e passeios nas trilhas da Serra. O principal ponto de desembarque dos cruzeiristas é na comunidade de São Paulo. “Na temporada passada foram 12 navios que ancoraram na entrada da boca (da Valéria). Os turistas descem, ficam na comunidade, compram nossos produtos, saem pelas outras comunidades observando a natureza. É a nossa renda extra, sem dúvidas”, disse o morador.