
Do Atual
MANAUS – Em vídeos divulgados nas redes sociais, amigos e parentes das vítimas fatais do acidente fluvial que deixou três mortos na comunidade de Acajatuba, em Iranduba, na noite sábado (20), contestam a versão divulgada pelas autoridades e familiares do empresário e ex-vereador de Manaus Robson Tiradentes e dizem que houve imprudência dele ao pilotar uma moto aquática durante a noite e bater contra a embarcação onde estavam as vítimas.
Morreram no acidente Pedro Batista, de 42 anos, piloto e dono da embarcação, a dona de casa Marcileia Silva Lima, de 37 anos, e o filho dela, um bebê de cinco meses. Apenas Geovane Gonzaga, marido de Marcileia, sobreviveu com ferimentos. Robson sofreu fraturas e precisou ser hospitalizado.
“Existe o acidente, existe a imprudência. O cara sai de jet ski, de noite, em alta velocidade, e deixa três vítimas: um pai de família, uma mãe e uma criança. E o irmão dele ainda fala que não prestaram socorro? Como, se as vítimas foram atingidas? A gente pede Justiça”, afirmou um ribeirinho ao gravar vídeo e mostrar os corpos das vítimas fatais do acidente.
Eles argumentam que o único sobrevivente da embarcação, Geovane, estava ferido e impossibilitado de reagir, e consideram contraditório o comunicado da família, que afirmou só ter tomado conhecimento na manhã seguinte de que havia pessoas a bordo, já que o Corpo de Bombeiros fora acionado ainda na noite do acidente.
Nota da família Tiradentes
Em nota assinada por Ronaldo Tiradentes, a família relatou que Robson sofreu um acidente de jet ski por volta das 22h, após uma série de contratempos durante a viagem. Segundo o comunicado, o empresário, acompanhado da esposa e da filha, partiu do Tarumã em direção à Praia do Iluminado, mas a moto aquática apresentou problemas mecânicos e precisou de ajuda de um bote.
Ainda conforme a nota, ao entrar no Lago Acajatuba, o bote que conduzia a esposa e a filha de Robson apresentou pane e ficou à deriva. O empresário teria saído à procura de um mecânico e, ao retornar, já não encontrou o bote, deslocado pela correnteza. Com a ajuda de um morador, Robson iniciou buscas, momento em que colidiu com uma canoa sem iluminação.
O texto acrescenta que, num primeiro momento, a família foi informada de que o dono da canoa teria fugido sem prestar socorro. Mesmo feridos, Robson e o morador que o auxiliava conseguiram nadar até a margem usando coletes salva-vidas.
Por fim, Ronaldo informou que só na manhã seguinte souberam que a embarcação envolvida no acidente transportava outras pessoas. Robson sofreu fraturas no rosto e na bacia e passaria por cirurgia.
“A família espera que uma perícia possa ajudar a esclarecer os fatos até agora muito confusos. Eu e minha família estamos em orações por todos os envolvidos”, disse o radialista Ronaldo Tiradentes, irmão de Robson.
Investigações
A Deflu (Delegacia Fluvial) da Polícia Civil do Amazonas e a Marinha do Brasil investigam as circunstâncias do acidente. Um IAFN (Inquérito sobre Acidentes e Fatos da Navegação) foi instaurado, e será apurado se a moto aquática “Lady Kiê”, tem registro válido na Capitania dos Portos.
As normas da Marinha também proíbem a condução de jet skis após o pôr do sol, o que reforça o questionamento sobre a legalidade da navegação naquele horário.
Enquanto a apuração segue, moradores das comunidades próximas mantêm o clamor por responsabilização.
“Aqui está o pessoal que você disse que não prestou socorro. Pela imprudência dele, três pessoas morreram. A gente pede Justiça”, destacou o ribeirinho no vídeo.