Populares incendiaram prédios e carros na noite desta quarta-feira na sede do município por falta de respostas sobre desaparecidos
MANAUS – Cerca de 3 mil pessoas, de acordo com projeção da Polícia Militar, atearam fogo em três prédios da Fundação Nacional do Índio (Funai) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) no município de Humaitá (a 600 quilômetros de Manaus), na noite desta quarta-feira (25 de dezembro). Eles protestavam contra o desaparecimento de três pessoas que possivelmente foram levados por índios da Terra Indígena Tenharim. Elas foram vistas pela última vez próximo da terra indígena no último dia 16.
Desde segunda-feira, a população de Humaitá realiza protestos na cidade para exigir resposta do Poder Público. A Polícia Federal de Rondônia está investigando o desaparecimento, mas até a noite de ontem não tinha conseguido entrar nas terras indígenas. Os policiais foram barrados pelos índios.
Sem resposta, na noite de ontem, os manifestantes resolveram reagir com violência. Primeiro, tentaram invadir o prédio da Funai. Após confronto com a polícia, eles incendiaram os prédios da Funai e Funasa, além de veículos e embarcações das duas instituições. A Polícia Militar, com efetivo de cerca de 120 policiais, teve que recuar.
Com o recuo da polícia, eles atearam fogo, primeiro, no prédio da Casa de Saúde do Índio, que ficava ao lado da sede da Funasa. Usando gasolina e diesel, os manifestantes também puseram fogo em duas embarcações que prestavam serviços para a Funai e estavam atracadas na orla da sede do município.
Quem são os desaparecidos
Os desaparecidos são Stef Pinheiro de Souza, professor da rede pública municipal de Apuí; Aldeney Ribeiro Salvador, gerente da Eletrobrás Amazonas Energia em Santo Antônio do Matupi (Distrito de Manicoré); e Luciano da Conceição Ferreira Freire, representante comercial e mora em Humaitá. Os três seguiam pela rodovia BR-230 (Transamazônica) de Humaitá para Apuí. Dentro da reserva indígena, que tem oito aldeias e fica às margens da Transamazônica, eles desapareceram.
Na sexta-feira passada, a empresa Eletrobrás Amazonas Energia emitiu nota informando ter acionado todos os órgãos governamentais como Funai, Polícia Civil de Humaitá e Polícia Federal de Rondônia para investigar o desaparecimento do funcionário.
Testemunhas que disseram ter visto cerca de 40 indígenas empurrando um carro com as mesmas características do qual viajavam as três pessoas, para dentro da aldeia por volta das 9h30 do dia 16 de dezembro.