Da Folhapress
A atriz Regina Duarte, que chegou a Brasília nesta quarta, 29, para responder a Bolsonaro se aceitará comandar a pasta da Cultura, expressou nos últimos anos afinidade com linhas de pensamento conservadoras. Contudo, ela também sinalizou que é contrária a ideia de censura.
Interferência mínima do Estado no mercado das artes e restrição de leis de incentivo para novos talentos também estão entre os tópicos que a atriz já defendeu.
Veja abaixo como pensa a atriz sobre temas fundamentais na cultura.
SEXUALIDADE E GÊNERO
Poderá ser um ponto de enfrentamento de Bolsonaro e Regina. A atriz publicou vídeos nas redes contrários a ideia de que o gênero é uma construção social, comum entre seguidores da filósofa e socióloga americana Judith Butler.
Mas também fez considerações contrárias à censura de um beijo gay de personagens dos quadrinhos “Vingadores: A Cruzada das Crianças”, no ano passado, a mando do prefeito do Rio, Marcelo Crivella.
Em conversa reservada com Regina, Bolsonaro já se posicionou contrário a fomentação de produções com temas relacionados à sexualidade. Diálogos com outros membros do governo indicam que a atriz vai oferecer resistência a ideia de censura.
LEI ROUANET
Em uma entrevista ao programa “Conversa com Bial”, de Pedro Bial, na Globo, Regina defendeu uma interferência mínima do Estado no mercado cultural. Ela elogiou modelos privados de financiamento coletivo e disse que artistas mais conhecidos deveriam conseguir patrocínio sem isenção fiscal.
“O povo deseja e precisa de um Estado menor, uma coisa a menos para o Estado tomar conta. O governo precisa mais é cuidar do surgimento de novos talentos”, disse.
Regina já teve projetos bancados pela Lei Rouanet. O último deles, para a peça “Coração Bazar”, de 2004, não teve contas aprovadas, mas a atriz recorreu e está em prazo legal para fazer ajustes na prestação.
IDEOLOGIA NAS ARTES
A Carlos Vereza, em programa exibido no ano passado na TV Escola, Regina disse que a arte deveria “dar humanidade para o sonho, para o bem e para o mal, liberar o humano para criar, para abraçar a pluralidade humana”, sinalizando que não compraria a versão de que existe ideologia na arte.
“Se eu não gosto do seu, eu não vou te reprimir. Por que que eu vou te reprimir?”, afirmou. Porém, um de seus últimos posts no Instagram apontam que ela se curvou à tese de que é preciso combater ideias da esquerda na indústria cultural.
Regina publicou um vídeo no qual o ex-Big Brother Brasil Adrilles Jorge, no qual ele diz que o marxismo cultural, expressão criada por conservadores, “coloca negros contra brancos, mulheres contra homens, homossexuais contra heterossexuais”.